As autoridades moçambicanas reportaram, nos primeiros seis meses deste ano, 15 mortes e 10 feridos graves no Parque Nacional de Mágoè, na província central de Tete, resultantes de ataques por animais selvagens, com destaque para os elefantes.
Este número representa um aumento significativo em comparação com o mesmo período de 2024, quando foram registados sete casos.
Júlia Mwito, Administradora do Parque Nacional de Mágoè, revelou a jornalistas que mais de 35.000 famílias habitam actualmente dentro dos limites do parque, o que tem contribuído para o aumento de conflitos entre humanos e animais selvagens.
A responsável explicou que a escassez de alimentos e água, provocada pela seca resultante do fenómeno climático El Niño, tem levado os elefantes a invadir áreas agrícolas e ribeirinhas, onde ocorrem os confrontos com a população.
“A floresta está a esvaziar-se. Os elefantes não conseguem encontrar alimento suficiente e acabam por procurar comida nas hortas. Além disso, a água presente nas margens do reservatório e perto dos rios atrai-os ainda mais”, afirmou Mwito.
A Administradora revelou que estão a ser realizadas actividades de sensibilização junto das comunidades locais, com o intuito de promover práticas de coexistência segura com os animais. “Aconselhamos os habitantes a não tentarem afastar os elefantes, pois não têm essa capacidade. É preferível perder uma colheita do que uma vida. A paciência e a distância são as melhores estratégias”, concluiu.
É importante notar que o parque registou uma redução significativa na caça furtiva, estimada em cerca de 40%. Esta diminuição tem favorecido a maior visibilidade de animais, impulsionando o ecoturismo na região. “Esta é uma área com um enorme potencial turístico, que deve ser melhor explorado para gerar receitas e valorizar o património natural nacional”, acrescentou.