O ministro da Saúde de Moçambique, Ussene Hilário Isse, revelou que o país enfrenta uma série de desafios na área da saúde pública, destacando doenças emergentes e reemergentes, como Mpox, vírus respiratório, conjuntivite hemorrágica e dengue.
Durante a abertura das XVIII Jornadas Nacionais de Saúde, o ministro sublinhou o aumento da frequência e gravidade de eventos climáticos extremos, que têm impactado severamente a saúde da população, bem como o surgimento de surtos epidémicos. Enfatizou ainda o crescimento das doenças crónicas não transmissíveis, incluindo cancro, acidente vascular cerebral (AVC), doenças mentais, trauma, doenças cardiovasculares e pulmonares.
Ussene Hilário Isse apontou que a redução do financiamento externo para a saúde tem comprometido o prosseguimento das metas estabelecidas e, consequentemente, afectado a cobertura universal de saúde, resultando em retrocessos nos avanços alcançados nas últimas décadas.
As Jornadas Nacionais de Saúde reúnem cientistas de diversas nacionalidades, incluindo investigadores, docentes e estudantes de ensino superior, além de membros da sociedade civil e antigos ministros da saúde. O evento representa uma plataforma fundamental para discutir e apresentar resultados de pesquisas científicas com o intuito de melhorar a saúde dos moçambicanos.
O ministro referiu que estas jornadas respondem às recomendações do Presidente da República, Daniel Chapo, no que toca à necessidade de garantir o acesso universal aos cuidados de saúde e de não excluir ninguém. O executivo moçambicano considera urgente o fortalecimento de um sistema de saúde resiliente capaz de enfrentar os choques actuais e assegurar a continuidade dos serviços essenciais.
A construção de um sistema de saúde robusto, conforme indicado pelo ministro, implica inovação, maturidade e reformas, processos que devem ser suportados por evidências científicas. O lema desta edição das jornadas é “Promovendo a resiliência do Sistema Nacional de Saúde com base em evidências científicas”.
Este ano, as jornadas apresentam um recorde de 789 trabalhos científicos, um aumento significativo em relação aos 500 trabalhos da edição anterior, realizada em 2021. O presidente do Comité Executivo das XVIII Jornadas, Eduardo Samo Gudo, frisou que esta edição foi marcada por três adiamentos, devido a condições que eram alheias ao controle da organização.
As Jornadas Nacionais de Saúde, que tiveram início em 1976, cumprem um papel essencial no diálogo entre decisores políticos, sociedade civil e parceiros de cooperação, visa a promoção de uma saúde mais eficaz para todos os moçambicanos.