Durante uma mesa-redonda realizada em Maputo, jovens moçambicanos enfatizaram que a reconciliação nacional deve ser entendida como um processo contínuo, necessitando de uma inclusão efectiva da juventude nos espaços de decisão política, económica e social.
O evento foi promovido pelo Instituto para Democracia Multipartidária (IMD), em parceria com a Embaixada da Finlândia e a UNICEF Finlândia, reunindo representantes da juventude de ambos os países.
Os jovens afirmaram que “a juventude não é o futuro, mas o presente de Moçambique”, destacando a responsabilidade das novas gerações na construção da paz e da democracia. Entre os principais obstáculos identificados, mencionaram a manipulação política nas redes sociais, a corrupção, a exclusão dos jovens nos órgãos de decisão, a falta de oportunidades de emprego e habitação, bem como a fragilidade institucional.
Os participantes concordaram que a paz sustentável vai além do simples cessar-fogo, envolvendo aspectos de justiça social, fortalecimento institucional e governação inclusiva. Lorena Mazila, coordenadora de programas do IMD, ressaltou que a participação da juventude é fundamental para a reconciliação em Moçambique. Apontou que o actual diálogo nacional inclusivo é uma oportunidade valiosa para que os jovens influenciem transformações e façam ouvir as suas vozes.
A delegação da Finlândia partilhou também experiências democráticas do seu país, onde a oposição tem um espaço significativo de actuação e acesso aos meios de comunicação, além da liderança em comissões parlamentares. Foi destacada a educação universal como base da democracia finlandesa, apesar da persistência de desafios como o desemprego juvenil, polarização política e a integração de imigrantes.
A embaixadora da Finlândia em Moçambique, Satu Lassila, recordou que a Resolução 2250 do Conselho de Segurança da ONU considera a juventude uma peça central na consolidação da paz. Ressaltou que “a paz não é possível sem justiça, e a justiça não é possível sem vontade política”, encorajando os jovens a assumirem um papel mais activo na sociedade.
O evento contou com a participação de jovens políticos, académicos, representantes de partidos políticos, membros da sociedade civil, além de representantes da UNICEF e da Embaixada da Finlândia, no âmbito do projecto Pro-Cívicos e Direitos Humanos.