Durante a Conferência Nacional sobre o Acesso aos Serviços Públicos, o Reitor da Universidade Pedagógica de Maputo (UP-Maputo), Jorge Ferrão, apresentou uma proposta ambiciosa: a criação de escolas de infância em cada distrito de Moçambique.
Esta iniciativa visa moldar uma nova geração de estudantes competentes e bem preparados, almejando uma transformação significativa no sistema educativo do país.
O evento, que se realizava num formato de três dias, foi organizado pela World Vision Moçambique, em colaboração com diversas organizações da sociedade civil e do governo, organismos não-governamentais, assim como instituições académicas. Um dos principais objectivos da conferência é promover um diálogo transparente e uma avaliação multissectorial sobre a prestação de serviços públicos em Moçambique, fomentando investimentos em soluções sustentáveis a nível local.
Jorge Ferrão enfatizou a importância de garantir cuidados básicos às crianças nos primeiros 100 dias de vida, destacando que isso pode prevenir comportamentos desviantes no futuro. “Quando observamos comportamentos inadequados em muitos jovens, esquecemos que a base fundamental não foi proporcionada a estes meninos. É necessário fornecer as condições adequadas desde cedo para podermos esperar resultados positivos mais tarde”, argumentou.
Ao propor a criação de pequenas escolas de infância em cada distrito, Ferrão sublinhou que o investimento nesta infraestrutura não requer grandes recursos financeiros. “As famílias desejam educar bem os seus filhos. É possível mudar a estrutura do sistema educativo sem depender de donativos ou orçamentos estabilizados”, defendeu.
O académico lamentou ainda a actual cobertura do ensino pré-escolar em Moçambique, revelando que apenas 14% das crianças entre os três e cinco anos tinham acesso a algum tipo de ensino, mesmo que não formal. Esta realidade representa um desafio significativo para o desenvolvimento educacional do país.
Em resposta, a Directora Nacional da World Vision Moçambique, Maria Carolina Silva, destacou que a falta de acesso à educação, especialmente nas áreas rurais, é um dos maiores desafios que Moçambique enfrenta actualmente. “A educação deve estar na vanguarda das prioridades, pois as dificuldades no acesso, nas infraestruturas escolares e na permanência de professores são questões que precisam urgentemente de atenção”, concluiu.
O apelo de Ferrão por uma educação mais inclusiva poderá provocar uma reflexão profunda sobre os passos a serem tomados em prol do futuro da juventude moçambicana.