Todavia, a vítima conta que é proibida de brincar para além do quintal da casa. A criança afirma que está a sofrer na casa dos próprios pais. Vive dias difíceis e é vítima de humilhação.
A reportagem do @Verdade soube que na tarde desta segunda-feira (24) Yacuba Chequele saiu para brincar algures com uma criança vizinha e voltou a casa por volta das 11 horas. Como de costume, o pai torturou o miúdo até causar-lhe ferimentos nos dois olhos, numa clara violação dos direitos do petiz. Ademais, não teve direito a comida e permaneceu todo o dia esfomeado.
Não foi a primeira vez que isso aconteceu. Em contacto com a nossa reportagem, o menino Yacuba explicou que antes de ir brincar varre o pátio, arruma a casa, lava a loiça e busca água numa fonte que fica distante da sua casa.
Contrariamente às palavras pais, o adolescente conta que é obrigado a brincar somente dentro do quintal da casa onde morra.
Yaficane Chequele, natural do distrito de Mossuril, é o pai agressor. O seu filho, segundo explicou, não lhe obedece. Não cumpre as ordens cujo objectivo é formá-lo como um homem de conduta respeitável na sociedade. “Os meus pais educavam os meus irmãos e a mim também dessa forma. Quem não quer obedecer em casa deve ser torturado para ver se melhora o seu comportamento”, eis a defesa repudiável do progenitor.
A criança não frequenta a escola. Só tem 1ª classe. Mas os pais não se preocuparam em matriculá-lo. “Senhor jornalista, quando a criança recebe os ensinamentos da vida e não obedece, os pais devem apenas ficar a olhar?”, questionou-nos Yaficane Chequele visivelmente sem argumentos para a sua tamanha brutalidade.
O caso do menino Yacuba está a comover os vizinhos naquele bairro. Estranham que pais estejam a submeter o próprio filho a uma vida madrasta. Fátima Celestino contou que não acha motivos para que o menino seja tratado de forma desumana pelos seus pais. Ela confirma que realmente Yacuba vive um tormento. Ninguém no bairro teve ainda a coragem de participar o caso à Polícia.
Fernando Ali disse que algumas vezes falou com os pais de Yacuba na tentativa de lhes fazer entender que agem de forma errada contra o próprio filho. Porém, não ouvem sequer o conselho de quem quer que seja. Ninguém ainda decidiu apresentar o problema ao Gabinete de Atendimento à Mulher e Criança Vítimas de Violência Doméstica.
De acordo com Fernando Ali, por várias vezes o secretário da unidade comunal tentou, sem sucesso, sensibilizar os pais da criança para enveredarem por outras práticas menos violentas. Nisso resultou que o pai de Yacuba ameaçou esquartejar o secretário do bairro caso voltasse a ser abordado a respeito da maneira como educa o filho.
Não foi possível falar com o secretário da unidade comunal porque até o fecho desta edição não se encontrava na sua residência.