Os deslocados dos centros transitórios na vila sede do distrito de Chiúre, em Cabo Delgado, estão a regressar às suas zonas de origem, impulsionados pela fome e pela escassez de ajuda humanitária.
Desde os ataques terroristas que eclodiram a 25 de Julho, mais de 50 mil pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas.
A situação preocupa as organizações humanitárias internacionais, que destacam a insuficiência da assistência alimentar disponível nos centros de acolhimento. A RFI reporta que a escassa ajuda que chega não é suficiente para atender ao elevado número de deslocados, levando algumas famílias a optar pelo regresso, mesmo em face do perigo.
Uma testemunha, que preferiu não se identificar, relatou a gravidade da situação. “Estamos mal porque o problema é que não temos comida, não temos nem água. As pessoas são muitas. Água, eles costumam trazer pouca e as pessoas sempre choram. Outras voltaram, outras estão lá no centro, mas lá estão a voltar porque estão a morrer de fome e estão a tentar voltar, para ir para casa”, afirmou.
Deslocados no centro transitório de Namissir revelam, sob anonimato, que existem problemas na distribuição de alimentos. “Estamos a ter muitas dificuldades. Por exemplo, aquela comida que é para o povo afectado não está a ser contemplada para essas pessoas. O Governo deve lutar para esta guerra acabar”, expressou outra fonte.
Até ao momento, as autoridades governamentais moçambicanas não se pronunciaram sobre as queixas dos deslocados face à situação no distrito de Chiúre.