Sociedade Crianças moçambicanas superam desnutrição aguda em Sofala

Crianças moçambicanas superam desnutrição aguda em Sofala

Na província de Sofala, em Moçambique, pelo menos 3.175 crianças que enfrentavam desnutrição aguda grave conseguiram recuperar nos últimos quatro anos, de um total de 3.600 casos identificados. Estes dados foram revelados hoje na Beira pela UNICEF, evidenciando uma taxa de recuperação de 91%.

“Neste programa, conseguimos recuperar um total de 3.175 crianças da desnutrição aguda grave, o que representa uma taxa de recuperação de 91%”, declarou Dezi Mahotas, representante da UNICEF, durante a primeira sessão do comité de direcção do programa que visa “melhorar a nutrição infantil” nos distritos mais afectados pelo ciclone Idai, que devastou o centro de Moçambique em 2019.

Para além dos progressos na recuperação nutricional, o programa alcançou outros resultados notáveis. Mais de 1.600 comunidades foram certificadas como livres de fecalismo a céu aberto, e foram construídas 268 novas fontes de água, beneficiando cerca de 80 mil pessoas.

“Apesar dos desafios, este quarto ano de implementação do programa acelerou significativamente as actividades, atingindo resultados importantes. Estes esforços fazem parte da reconstrução promovida pelo Governo moçambicano nas províncias mais afectadas pelos ciclones”, explicou Mahotas.

A representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância sublinhou que o programa reflete um “firme compromisso” não só da UNICEF, mas também da União Europeia, em apoiar intervenções essenciais “para combater a desnutrição na província de Sofala e além”.

Durante a reunião, Cecília Chamutota, Secretária de Estado em Sofala, relembrou que, até 2020, após o ciclone Idai, a taxa de desnutrição crónica era de 36%, enquanto a desnutrição aguda atingia 5,3%.

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Chamutota enfatizou que, embora os resultados sejam encorajadores, há ainda muito a fazer: “Estamos convictos de que, com esforços combinados e a colaboração de todos, é possível melhorar ainda mais os resultados alcançados até agora. Apelamos à participação de todos para que os níveis de desnutrição continuem a diminuir”.

Ylenia Rosso, representante da União Europeia, destacou a importância do comité directivo como uma plataforma coordenada pelo Governo e seus parceiros, destinada a apresentar e discutir os ganhos e desafios do programa, bem como propor recomendações.

“Queremos reforçar o foco na sustentabilidade para garantir a continuidade dos programas e dos ganhos alcançados nos últimos quatro anos, e replicá-los noutros distritos. Continuaremos a trabalhar em conjunto e a apoiar o Governo no fortalecimento das capacidades institucionais em termos de sistemas e serviços”, afirmou Rosso.

Leonora Monjane, secretária executiva do Secretariado Técnico de Segurança Alimentar e Nutricional (SETSAN), destacou que, nos últimos dez anos, a taxa de desnutrição crónica em crianças menores de cinco anos era de 43%, níveis que continuam muito elevados no país.

“Estamos empenhados em encontrar medidas correctivas e preventivas para este cenário. Sabemos que o ciclone Idai agravou os problemas de segurança alimentar em Sofala, o que fez retroceder os indicadores de segurança alimentar”, acrescentou Monjane.

Contudo, ela ressaltou: “É com satisfação que observamos o alinhamento dos objectivos deste programa com as políticas e estratégias de segurança alimentar e nutricional, visando melhorar o estado nutricional das crianças de 0 a 5 anos, bem como das mulheres grávidas e lactantes”.