Mais de cinquenta empreendedores manifestaram-se no terminal internacional de passageiros do Aeroporto de Maputo, no sul de Moçambique, em resposta a um alegado aumento das tarifas para o desembarque de mercadorias.
Eduarda Fernandes, uma das participantes do protesto, expressou a indignação do grupo, afirmando que “o valor cobrado é demasiado alto e acaba não compensando para o tipo de negócio que fazemos, o de venda de roupas”. A empreendedora revelou que a situação gera incertezas sobre a continuidade das suas actividades comerciais.
Vídeos enviados à agência Lusa mostram o grupo a pedir “socorro” dentro do aeroporto, apresentando cartazes reivindicativos e dificultando a saída de passageiros. “Em determinado momento barrámos a saída dos passageiros da companhia Qatar, que é a que mais utilizamos, permitindo apenas a passagem da tripulação, pois queríamos que todas as malas, incluindo as de todos os passageiros, não saíssem”, relatou uma das manifestantes.
Os empreendedores, que importam mercadorias de diversos países, sobretudo da China, queixam-se do aumento das tarifas para a retirada de bagagens. Desde a semana passada, as bagagens passaram a ser transferidas para o terminal de carga, em vez do terminal de passageiros, como era habitual. “Agora temos de ir ao terminal de carga, onde as mercadorias frequentemente desaparecem, além de termos de pagar despachante; é uma burocracia”, explicou Eduarda Fernandes, sublinhando que a situação tem dificultado o seu trabalho e os prazos de entrega aos clientes.
Os valores que antes chegavam até 8.000 meticais (aproximadamente 107 euros) por mala, duplicaram para 15.000 meticais (cerca de 200 euros) desde a última semana, conforme indicou a empreendedora. Zebito, outro membro do grupo, afirmou: “Nós não vamos pagar essa taxa. Os pequenos empresários devem ser protegidos para poderem crescer”.
Uma mulher, visivelmente angustiada, questionou: “Porque é que nos tiram a comida da mesa dos nossos filhos? Porque é que nos tiram o pão? É para ficarmos na rua?”
Após pouco mais de uma hora de protesto, o grupo decidiu retirar-se do terminal de passageiros para dialogar com as autoridades aeroportuárias, um processo que deve ser concluído na terça-feira, conforme informou Eduarda Fernandes. “Ainda não terminámos. Enquanto não tivermos uma resposta, não há como continuar”, concluiu.