A população residente dentro da zona tampão da reserva do Gilé, província da Zambézia, diz-se impedida de ter acesso aos recursos naturais existentes naquela parcela que separa as comunidades da própria reserva.
Segundo disse o secretário do Grupo Dinamizador da comunidade de Namaipé, distrito de Pebane, os fiscais comunitários instituídos no âmbito do comité local de gestão de recursos naturais, foram instruídos pela administração da reserva para que impeçam as comunidades de terem acesso aos recursos ali existentes e disponíveis.
A zona tampão é uma zona de uso múltiplo, podendo a comunidade participar na sua gestão bem como na governação dos recursos nela existem.
Segundo aquele líder de Namaipé “os guardas da reserva até nos proíbem de tirar material para construção de nossas casas”, para além de estarem a protagonizar actos de vandalismo nas comunidades pressupondo a invasão delas aos recursos da zona tampão.
A atitude dos fiscais comunitários deixa constrangido até as autoridades governamentais, segundo lamenta Eurico Albino, chefe da localidade de Mucuna Impaca, no distrito de Pebane e, diz ser constrangedor que as pessoas eleitas pela própria comunidade como fiscais comunitários se virem contra os interesses da mesma comunidade e protagonizem actos de vandalismo e terror.
O chefe da localidade de Mucuna Impaca encontra uma única justificação pelo que está sucedendo naquelas comunidades e afirma ser resultado da má interpretação da legislação bem como o não conhecimento dos limites reais dos territórios que pertencem tanto à reserva, à zona tampão e às comunidades.
Se por um lado os recursos na zona tampão não são de acesso comum para as comunidades, por outro lado os mesmos recursos correm risco de extinção em algumas comunidades pela pressão que as mesmas efectuam sobre ela.
Há uma explicação que as comunidades encontram para o risco de extinção de alguns recursos que é o facto de poderem usá-los de forma clandestina, ou seja, furtiva.
De acordo com Tomás Domingos, presidente do Comité de Gestão de Recursos Naturais de Nacurugo os recursos na zona tampão correm risco de extinção, pelo que o repovoamento de animais deve ser com urgência para salvaguardar o que até agora existe.
Estas denúncias foram efectuadas aos técnicos da Associação Nacional de Extensão Rural, AENA, que durante oito dias, recentemente, procederam aos levantamentos sobre a zona tampão da reserva do Gilé.
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