O Grupo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) anunciou a aprovação de uma subvenção no valor de 22,8 milhões de dólares para reforçar a cadeia de valor do arroz em Moçambique e melhorar a resiliência climática, beneficiando 30 mil pequenos agricultores em quatro províncias do país.
Este financiamento destina-se ao Projecto da Cadeia de Valor do Arroz e Resiliência Climática (RIVACREP), cuja meta é aumentar a autossuficiência de arroz de Moçambique de 50% para 75% até 2030, enfrentando, assim, desafios críticos de segurança alimentar numa das nações africanas mais vulneráveis nesse aspecto.
Embora o arroz constitua um alimento básico, Moçambique produz apenas metade das 600 mil toneladas que consome anualmente, dependendo das importações para suprir um défice de 300 mil toneladas, uma situação que pressiona as reservas cambiais e agrava a pobreza rural.
Macmillan Anyanwu, representante residente do BAD em Moçambique, afirmou que a subvenção se concentra nas populações mais vulneráveis, destacando que 70% dos beneficiários são mulheres e 30% jovens. “Ao focar em tecnologias climaticamente inteligentes, esta iniciativa terá um impacto duradouro na segurança alimentar e nos meios de subsistência rurais”, sublinhou Anyanwu, enfatizando que o projecto está alinhado com a estratégia nacional de desenvolvimento do país.
O RIVACREP tem como objectivo quadruplicar a produção de arroz, passando de uma tonelada por hectare para quatro, e aumentar o rendimento anual das famílias de cerca de 590 para 1000 dólares. Os resultados iniciais do projecto deverão gerar um acréscimo de 6.000 toneladas de arroz por ano, uma contribuição que, embora represente apenas 2% do défice total do país, estabelece as bases para um aumento futuro da produção e uma menor dependência das importações.
O projecto prevê a reabilitação de 1.000 hectares de infraestruturas de irrigação, principalmente na província de Gaza, além da criação de cinco fábricas de moagem de pequena escala e 10 centros agregadores, através de uma parceria público-privada.
Entre as principais intervenções estão a reabilitação de sistemas de irrigação, o nivelamento do solo, melhorias na drenagem e a construção de instalações de armazenamento resistentes às alterações climáticas. Além disso, será promovida a introdução de variedades de arroz resistentes à seca e às inundações, em colaboração com instituições de investigação internacionais.
Estas ações são esperadas para reduzir as perdas pós-colheita em mais de metade, passando de 26% para 12%. “Ao construir infraestruturas resilientes e integrar atores do setor privado, o RIVACREP permitirá a Moçambique reduzir a dependência das importações, criar valor acrescentado interno e estabelecer as bases para um sector de arroz industrializado e climaticamente inteligente”, concluiu Anyanwu.