Cultura Raparigas discutem casamentos forçados

Raparigas discutem casamentos forçados

O evento teve lugar no posto administrativo de Xinavane, distrito da Manhiça sob o lema “Diga não ao abuso sexual da rapariga – deixa-nos crescer e estudar”, tendo como principal objectivo a adopção de uma estratégia para a protecção da rapariga dentro e fora da escola naqueles pontos do país.

O encontro foi organizado pela Associação Gwevhane, no âmbito do projecto “Combate à violência doméstica contra a mulher e tráfico de pessoas em especial a rapariga adolescente”, que leva a cabo em parceria com a União Europeia.

Segundo os organizadores, o encontro visa criar uma interacção entre as raparigas e incentivá-las a discutirem de forma aberta e directa os problemas que as afligem, dentre eles a violação dos seus direitos, com destaque para os casamentos prematuros e forçados.

Como forma de potenciar o trabalho dos núcleos de protecção da rapariga nas escolas, a Associação Gwevhane, mentora da iniciativa, distribuiu para quatro escolas dos dois distritos de onde são oriundas as raparigas, diverso material de trabalho constituído por computador, impressora, resma de papel e toner, entre outros materiais para a produção de um jornal informativo sobre o abuso a rapariga.

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Raparigas discutem casamentos forçados

Para Olívio Catela, director executivo da Associação Gwevhane, há uma grande necessidade de se olhar para a protecção da rapariga nas zonas rurais devido ao índice elevado de casamentos forçados a que estão sujeitas, muitas vezes com a cumplicidade dos próprios pais e encarregados de educação que vê nesta camada uma fonte de rendimento.

Olívio Catela apela a outros parceiros que trabalham na área de protecção da criança e rapariga para virarem as suas atenções para os distritos do norte da província do Maputo onde se assiste cenários dramáticos.

Estima-se que em Moçambique 18 por cento das raparigas casam-se antes de completar 15 anos e 52 por cento são coagidas a unir-se com idade inferior a 18 anos.

A maioria das meninas coagidas a casar-se cedo vive nas zonas rurais onde a taxa de analfabetismo é maior.