Os agregados, aos milhares, saíram de Lionde e Chókwè, algumas, em resposta aos alertas de retirada e outras, mais renitentes, fugindo das águas que já começavam a galgar as suas residências e/ou zonas próximas.
Em Xihakelane, onde na tarde de ontem ainda decorria o registo dos afectados para posterior canalização de ajuda governamental, as famílias estão alojadas debaixo de árvores com as poucas coisas que puderam retirar das suas proveniências, num cenário que poderá virar uma catástrofe humanitária em caso de queda de chuvas nestes dias.
Ao que a nossa Reportagem constatou ontem, a situação é já crítica na medida em que as famílias não têm ainda locais minimamente adequados para se albergar, estando crianças e mulheres, algumas grávidas expostas a mosquitos, ventania e até animais como serpentes que existem na zona devido às matas circundantes.
Embora uma e outra família tenha conseguido sair de Lionde ou Chókwè com parte significativa dos seus bens, em Xihakelane o “Notícias” entrevistou pessoas que deixaram quase tudo nos seus pontos de origem.
José Simango, residente do terceiro bairro de Lionde, por exemplo, disse que ele, a esposa e os três filhos só conseguiram, na quarta-feira, levar algumas peças de vestuário. O desejo fora de retirar mais bens, mas uma vez que a água já galgava o dique número nove, que protegia a sua zona, tiveram que deixar parte dos bens. Chegaram à Xihakelane somente com roupas, necessitando de toda ajuda possível.
Belinha Bernardo, outra moradora de Lionde, mas no primeiro bairro, contou à nossa Reportagem que ela, o esposo e quatro filhas menores, apenas conseguiram levar vestuário. O resto ficou em casa, ao que souberam já foi inundada pelas águas.
Da vila do Chókwè, o “Notícias” conversou com o idoso António Macuácua. Morador do primeiro bairro, aquele cidadão, visivelmente sem forças, disse que saiu daquele ponto na tarde de terça-feira logo que foram alertados do perigo da inundação da vila.
“Não deu para levarmos muita coisa devido à nossa idade. Apenas saímos com algumas mantas e vestuário. Estamos totalmente entregues a Deus”, disse.
Enquanto milhares de famílias fugiam das águas que tomaram por completo a vila de Chókwè e a zona de Lionde na noite de terça-feira, ontem de manhã, a nossa Reportagem testemunhou casos de alguns indivíduos que, embora a água chegue à altura do peito, saqueavam lojas e armazéns naqueles dois pontos de Gaza.
Inúmeras quantidades de produtos como a arroz, óleo alimentar e diversos enlatados foram ontem retirados de unidades comerciais, embora a Polícia tenha tentado evitar.
Há informações de detidos em conexão com estes casos, mas a nossa Reportagem não conseguiu confirmar os factos junto de fontes competentes.