Esta é a conclusão a que chegou a académica Luísa Vanessa Texeira Lopes, num estudo por ela realizado e apresentado na conferência sobre os 125 anos da Cidade de Maputo, organizada pela Universidade Pedagógica, UP, em parceria com o Município da Cidade de Maputo, última sexta-feira, na capital do país.
Na ocasião, Luísa Vanessa Texeira Lopes falou dos impactos da desigual urbanização em Moçambique, tendo como referência a cidade de Maputo. Logo a iniciar, fez uma resenha histórica da evolução desta cidade, até chegar à situação em que se encontra, actualmente.
Ela reconhece que a cidade de Maputo cresceu, significativamente, nos últimos anos, sob ponto de vista infraestrutural quanto demográfico. Porém, este crescimento urbanístico, aos seus olhos, não traz benefícios para as maiorias.
Para Luísa Lopes, a forma como está a ser gerido o crescimento urbano empurra os mais pobres para a situação de cada vez mais pobres, deixando-os numa situação de precaridade, porque este grupo “socialmente excluído” foi afunilado numa mesma zona: áreas não urbanizadas, dominadas, essencialmente, pelos assentamentos informais.
Por exemplo, Luísa Lopes critica efusivamente o modelo dos reassentamentos na cidade de Maputo, que tende a empurrar os mais pobres quando afectados por um projecto municipal para as zonas mais recônditas. Diz que esta situação só agrava ainda mais a situação já de vulnerabilidade destas pessoas.
A título ilustrativo, Luísa Lopes refere-se ao reassentamento das famílias afectadas pela segunda faixa da avenida Joaquim Chissano, transferidas da Mafalala para o bairro de Zimpeto. Explica que a vida destas famílias tornou-se mais difícil do que antes, porque se, para chegar à cidade, onde tudo acontece, não precisavam de transporte, agora já o querem e com os problemas sobejamente conhecidos deste sector (transportes) na cidade, a sua vulnerabilidade torna-se evidente, por um lado; mas, por outro, é que se os seus filhos tinham a escola perto, agora já não é possível, tendo em conta que na zona aonde foram “empurradas” não há infra-estruturas educacionais. Assim, são obrigadas a garantir dinheiro de transporte para estes, constituindo, desta feita, mais um fardo na sua contabilidade, na prática inexistente.
Por seu turno, Silvério Ronguane, académico e também docente, que também foi um dos oradores, tinha como missão falar das culturas da cidade.
Explicou que o seu tema não pretendia falar das culturas dos indivíduos sob ponto de vista de pertencer ou não a mesma tribo, religião ou etnia, mas sim no sentido objectivo. Ou seja, analisar as culturas das pessoas em função das suas rendas.