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África Austral avança com novo mecanismo de cooperação para a restauração de terras degradadas

O Secretário de Estado da Terra e Ambiente no Ministério da Agricultura, Ambiente e Pescas, Gustavo Djedje, inaugurou em Maputo o Mecanismo de Intercâmbio da África Austral, uma iniciativa destinada a promover acções para a restauração de paisagens degradadas na região.

A cerimónia de lançamento decorreu em conjunto com a abertura do 3º seminário regional do Programa de Impacto em Paisagens Sustentáveis de Terras Áridas (DSL-IP), inserido no âmbito do Fundo para o Meio-Ambiente Global (GEF). O novo Mecanismo visa facilitar a partilha de conhecimentos e alinhar estratégias entre os países da região, transformando os compromissos do Protocolo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em acções concretas.

Na sua intervenção, Djedje sublinhou a importância da iniciativa: “O Mecanismo de Intercâmbio Regional que hoje inauguramos em Maputo tem como objectivo reforçar a cooperação regional e acelerar a implementação de soluções integradas para restaurar paisagens degradadas.”

Moçambique, que possui mais de dois terços do seu território cobertos por ecossistemas de Miombo e Mopane, enfrenta desafios críticos na gestão sustentável dessas áreas áridas. Estudos recentes apontam que mais de 75% das terras africanas são actualmente classificadas como áridas ou semiáridas, com previsões de expansão de entre 5% a 8% até 2080.

O secretário de Estado destacou a gravidade da situação no país, mencionando que as províncias do sul, como Gaza e Inhambane, registaram uma redução de precipitação anual que varia entre 20% e 30% nas últimas décadas, acompanhada por um aumento das temperaturas e períodos prolongados de seca que afectam cerca de 2,3 milhões de pessoas.

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Desde 1961, países como Angola, Zimbabwe e Namíbia têm reportado perdas agrícolas superiores a 40% devido à seca, enquanto a produtividade agropecuária na SADC sofreu uma quebra de 34%. As causas principais apontadas incluem o aquecimento global.

O Relatório de Riscos Globais 2025 do Fundo Monetário Internacional classifica a escassez de recursos naturais como uma das cinco principais ameaças à estabilidade económica mundial e alerta para o aumento dos riscos de conflitos transfronteiriços por acesso a água e terra fértil.

Gustavo Djedje enfatizou ainda que os ecossistemas de Miombo e Mopane constituem uma herança comum para a região, sustentando a biodiversidade, regulando o clima e os recursos hídricos, e garantindo a subsistência de mais de 300 milhões de cidadãos. Desde o ano 2000, o ecossistema de Miombo perdeu aproximadamente 800 mil quilómetros quadrados — uma área superior à da totalidade de Moçambique.

Participaram no seminário diversas personalidades, incluindo a coordenadora regional do Secretariado do Fundo Global para o Ambiente dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, Asha Bobb-Semple, e o coordenador do Fundo das Nações Unidas para Alimentação (FAO) para a África Austral, Patrice Talla.