As negociações indirectas iniciadas entre Israel e o Hamas no Egito, com o propósito de pôr fim ao conflito em Gaza, foram classificadas como “positivas” nas primeiras horas de diálogo, que tiveram início na segunda-feira.
O processo de negociações deverá ser retomado esta terça-feira, data em que se assinala o segundo aniversário dos ataques de 7 de Outubro.
Uma fonte palestiniana revelou à agência France-Presse que “as negociações foram positivas ontem à noite, com a primeira sessão a durar quatro horas”. Outra fonte corroborou as declarações, confirmando tanto o progresso alcançado na primeira sessão quanto a continuação das negociações em Sharm el-Sheikh, uma estância turística situada na Península do Sinai.
As partes envolvidas estão a discutir os detalhes de uma proposta apresentada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, que inclui uma troca de reféns e prisioneiros, assim como um cessar-fogo a longo prazo. O plano de 20 pontos de Trump contempla um cessar-fogo imediato, a troca de todos os reféns detidos pelo Hamas por prisioneiros palestinianos sob custódia israelita, uma retirada gradual das tropas israelitas de Gaza, o desarmamento do Hamas e a criação de um governo de transição sob a supervisão de um organismo internacional.
Donald Trump expressou optimismo sobre o andamento das negociações, afirmando: “Penso que está a correr muito bem e penso que o Hamas concordou com algumas coisas muito importantes. Vamos chegar a um acordo sobre Gaza, estou bastante confiante nisso”.
Desde o início da guerra, uma das principais condições do Hamas tem sido a retirada total das forças israelitas de Gaza em troca da libertação dos restantes reféns. Apesar de o grupo ter indicado a sua disposição para abdicar da autoridade administrativa, tem mantido a recusa em considerar a possibilidade de desarmamento.
Nesta fase inicial das negociações, mediadores do Egito e do Catar estão a trabalhar com ambas as partes para facilitar a libertação dos 48 reféns israelitas ainda detidos em Gaza em troca de 1.700 prisioneiros palestinianos nas prisões israelitas, além de definir a data para uma trégua temporária.
Fontes citadas pela Reuters indicam que o prazo de 72 horas estabelecido por Trump para o regresso dos reféns pode não ser viável, uma vez que os restos mortais de alguns reféns podem necessitar de ser localizados e recuperados de locais dispersos. As negociações ocorrem menos de um mês após uma tentativa de Israel de assassinar negociadores do Hamas num ataque sem precedentes no Catar.