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Maputo inicia vacinação em massa contra o HPV para raparigas entre 12 e 18 anos

A cidade de Maputo vai realizar entre 29 de Setembro e 3 de Outubro uma campanha de vacinação contra o Papilomavírus Humano (HPV), destinada a raparigas com idades entre os 12 e 18 anos. 

Esta iniciativa faz parte da estratégia global para a eliminação do cancro do colo do útero.

A informação foi divulgada por Alberto Chambala, chefe do Programa Alargado de Vacinação (PAV), que indicou que a meta é imunizar aproximadamente 78.442 raparigas dentro da faixa etária estipulada. “Moçambique introduziu a vacina contra o HPV em 2021 sob um regime de duas doses. Contudo, em 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou a administração em dose única, o que levou o país a ajustar o calendário vacinal,” explicou Chambala.

O cancro do colo do útero é identificado como um dos principais desafios de saúde pública em Moçambique, tendo sido reportados 5.456 novos casos e cerca de 4.000 mortes em 2022, especialmente entre mulheres que vivem com HIV, cuja probabilidade de desenvolver a doença é seis vezes maior.

A vacina utilizada na campanha é quadrivalente, capaz de prevenir quatro tipos do vírus, incluindo os de maior risco, 16 e 18, responsáveis por cerca de 95% dos casos de cancro. A priorização da vacinação de raparigas é justificada pelo fato de que esta é a forma mais comum e letal de cancro entre mulheres.

Hortênsio Faria, médico-chefe, salientou que o HPV é principalmente transmitido através de relações sexuais e que existem mais de 200 tipos do vírus, com os tipos 16 e 18 a serem os mais frequentemente associados ao cancro. “A vacina é segura e altamente eficaz, prevenindo mais de 90% das infecções. Ao vacinarmos as mulheres, também contribuímos para a protecção dos homens, reduzindo a disseminação do vírus na comunidade”, afirmou Faria.

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No primeiro semestre de 2023, foram rastreadas 2.097 mulheres na cidade de Maputo, das quais 377 testaram positivo para o HPV, resultando numa taxa de positividade de 18%. O clínico alertou que a detecção tardia da doença continua a ser um obstáculo significativo no seu combate. “Embora o HPV não cause mortes directamente, é o principal factor de risco para o cancro do colo do útero. A maioria dos casos é diagnosticada em fases avançadas, quando já surgem os sintomas e as opções de tratamento são limitadas”, adiantou.

A campanha será implementada em todo o país através de brigadas móveis em escolas primárias e secundárias, universidades, mercados, terminais de transporte e unidades de saúde. Complementarmente, estão a ocorrer acções de sensibilização comunitárias, envolvendo rádios, televisões, líderes religiosos, comunitários e praticantes de medicina tradicional.

“Esperamos vacinar mais de 97% das raparigas nesta faixa etária. A vacina será gratuita e representa um investimento crucial na saúde das nossas jovens e no futuro da nação”, concluiu Chambala.