Os incêndios florestais que lavram no noroeste e oeste de Espanha têm causado danos significativos em áreas protegidas da Rede Natura 2000, habitat de várias espécies ameaçadas da Península Ibérica. A alerta foi dado pela ONG SEO/Birdlife.
Segundo o comunicado emitido, os fogos que ocorrem nas regiões da Galiza, Castela e Leão, Extremadura e Astúrias estão a devastar habitats críticos para espécies como o urso e o tetraz, bem como áreas onde habitam aves como a águia real, a águia imperial e o abutre-preto.
A organização expressou “especial preocupação” face ao alastrar das chamas em locais de elevado valor ecológico, como o Parque Nacional dos Picos da Europa e os parques naturais de Ponga, Somiedo, Redes, Ubiñas-La Mesa e Las Fuentes del Narcea, Degaña e Ibias. Estas zonas, classificadas como áreas especiais de protecção e conservação, são consideradas essenciais para a preservação da biodiversidade.
A SEO/Birdlife fez um apelo à elaboração e execução de uma estratégia de recuperação pós-incêndio que inclua “critérios claros de conectividade ecológica” e a promoção de “florestas autóctones”. A organização sublinhou a importância destas áreas, que abrigam um número significativo de espécies de flora e fauna, sendo, portanto, insubstituíveis e dignas de protecção.
Os incêndios em Espanha já consumiram, neste ano, 343 mil hectares, ultrapassando o recorde anterior de 306 mil hectares registado em 2022, segundo dados provisórios do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS).
Actualmente, a Protecção Civil espanhola reporta 23 incêndios activos, com uma “situação operacional de maior gravidade” nas regiões mais afectadas. Para combater as chamas, milhares de bombeiros, dezenas de meios aéreos e cerca de 3.400 militares foram mobilizados.
Sete países da União Europeia estão a enviar apoio a Espanha, constituindo o maior contingente internacional de ajuda já recebido pelo país. A activação do Mecanismo de Protecção Civil da UE ocorreu a 11 de Agosto em resposta à gravidade dos incêndios, com a chegada de auxílio de França e Itália, que enviaram aviões Canadair.
Os incêndios coincidem com uma onda de calor que dura há 16 dias em Espanha, segundo os serviços meteorológicos, que prevêem o seu término na presente data.