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Moçambique intensifica esforços na redução de riscos de desastres com foco em grupos vulneráveis

Durante um recente painel da Plataforma Global para Redução de Riscos de Desastres, Luisa Meque, Presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), sublinhou o compromisso de Moçambique em priorizar a mitigação do impacto dos desastres nas populações mais vulneráveis.

Na sua intervenção, Meque destacou a importância da desagregação de dados, essencial para a tomada de decisões informadas, especialmente no que tange a assistência a pessoas com deficiência e outros grupos severamente afectados. O painel teve como tema “Reforçar a Compreensão de Dados Sobre o Impacto dos Desastres e a Sua Aplicação na Tomada de Decisões”.

A Presidente do INGD evidenciou os desafios enfrentados na gestão de bases de dados, especialmente na utilização eficaz das tecnologias de informação e comunicação, que carecem de uma amplitude maior e limitam o acesso a informações cruciais. “A nossa intervenção na redução do risco de desastre é prioritária para pessoas vulneráveis. Contudo, é evidente que algumas pessoas são afectadas de forma mais intensa do que outras. A desagregação de dados por grupos vulneráveis apresenta um grande desafio”, referiu Meque, durante a conferência realizada em Genebra.

A responsável também mencionou a vulnerabilidade do país face a desastres naturais, relatando que, na temporada chuvosa de 2024-2025, Moçambique enfrentou três ciclones devastadores: Chude, Dikeledi e Jude, que atingiram o país quando algumas regiões ainda se recuperavam dos efeitos da seca. Nos últimos três anos, o país foi afectado por seis ciclones, resultando em 400 mortes, 1.800 feridos e cerca de três milhões de pessoas directamente impactadas, muitas das quais perderam os seus lares.

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Meque abordou ainda o Sistema de Coordenação da Gestão do Risco de Desastres, enfatizando a necessidade de alinhamento com o Centro de Operações Humanitárias e de Emergência (COHE) da SADC, situado em Nacala, na província de Nampula.

Este centro desempenha um papel crucial na resposta a desastres na região, facilitando a partilha de informações fundamentais para a mitigação de riscos.

O evento proporcionou uma actualização dos perfis de informação de risco, promovida pelo Escritório das Nações Unidas para Redução de Riscos de Desastres (UNDRR), oferecendo uma perspetiva abrangente baseada em dados científicos sobre os perigos relevantes para a redução de riscos de desastres.

Tom de Groeve, Diretor do Centro de Investigação da Comissão Europeia, enfatizou a importância de uma abordagem multirrisco, salientando que os perigos frequentemente interagem, propagando-se de forma cascata e intensificando seus impactos. A sua intervenção sublinhou a relevância de políticas baseadas em evidências científicas para a prevenção e redução dos riscos de desastres, visando aumentar a resiliência das infraestruturas, ecossistemas, sociedades e economias.

Dados apresentados durante o evento pelas Nações Unidas indicam que o número de pessoas afetadas por desastres teve um aumento significativo de 130% desde 2015, correspondendo a mais de 120 milhões de indivíduos. “Estamos a enfrentar cerca de 550 desastres anualmente, o que equivale a mais de um por dia. A dura realidade é que algumas pessoas são atingidas com muito mais força do que outras”, concluiu a fonte.