A companhia aérea de bandeira moçambicana, Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), perdeu cerca de três milhões de dólares em Dezembro de 2023 devido ao desvio de combustíveis, revelou o Gestor do Projecto de Reestruturação da LAM, Sérgio Matos.
Em resposta aos recentes atrasos de voos, Matos anunciou que a LAM está a realizar um rastreio das máquinas POS (Pontos de Venda) para identificar o mecanismo utilizado no desvio de fundos. A empresa recolheu 81 POS de 20 pontos de venda de bilhetes e está a investigar a origem e o uso indevido desses equipamentos.
Matos revelou que alguns POS estavam em posse de proprietários de estabelecimentos comerciais que desconheciam o seu dono, levantando suspeitas sobre a sua utilização.
Além disso, verificou-se que as empresas de segurança responsáveis pela recolha de numerário na companhia aérea nem sempre entregam os bordereaux (comprovantes de depósito) de forma imediata, gerando dúvidas sobre o destino dos valores coletados.
Outro ponto preocupante é o registo de abastecimento de aeronaves com quantidades de combustível acima da sua capacidade máxima. Em um caso específico, um avião com capacidade para 80 toneladas foi abastecido com 95 toneladas, sem que se tenha esclarecido o destino das 15 toneladas excedentes.
Matos acredita que a investigação interna está incomodando algumas pessoas, que recorrem à imprensa para dar a entender que nada está sendo feito. Ele também mencionou o caso de funcionários da LAM que utilizaram fundos da companhia para adquirir casas próprias e que, quando confrontados, apresentam justificativas inconsistentes.
Apesar dos desafios, a LAM planeja abrir a rota Maputo-Malawi em breve. No entanto, a empresa já enfrenta uma dívida de 1,2 milhão de dólares com o Malawi e cerca de 70 milhões de dólares com a Petromoc, a empresa distribuidora de combustíveis moçambicana.