O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, pediu na segunda-feira (26), à população do seu país que boicote os produtos franceses. Ele também comparou a situação dos muçulmanos na França à dos judeus antes da Segunda Guerra Mundial e acusou alguns dirigentes europeus de nazismo e fascismo.
Ele também pediu à população o boicote dos produtos franceses. “Assim como na França alguns dizem ‘não comprem as máscaras turcas’, peço que não comprem produtos de marcas francesas”, disse Erdogan em um discurso em Ancara. O chefe de Estado turco ainda exortou a Europa a interromper a campanha de “ódio de Macron contra os muçulmanos”.
No fim de semana, Erdogan também acusou o líder francês de ser “obcecado por ele dia e noite”. Segundo o presidente turco, o Macron “precisava se submeter a exames mentais”.
Nesta segunda-feira (26), a chanceler alemã, Angela Merkel, comentou a troca de farpas entre os dois e condenou as “declarações difamatórias” de Erdogan.
A origem da polêmica está nas declarações feitas pelo presidente francês na semanda passada, durante a homenagem nacional ao professor assassinado Samuel Paty. Na ocasião, em uma cerimônia na Sorbonne, ele prometeu que a França não renunciaria às caricaturas e à liberdade de expressão.
Macron apresentou um plano no sábado (24) de luta contra o “islamismo radical”, que prevê a criação de um projeto de lei visando “aqueles que negam as leis da República em nome da religião”. O plano foi interpretado por muitos países como um ataque contra os muçulmanos e gerou uma campanha de boicote de produtos franceses, retirados dos supermercados em Doha, Catar e Jordânia.
A França pediu aos governos dos países muçulmanos que “parassem” com os apelos ao boicote e solicitou também que eles “garantissem a segurança dos franceses que vivem em seus territórios”. O presidente francês publicou um tuíte neste domingo (25) garantindo que a França valoriza a “liberdade, igualdade, e fraternidade” e que “nada fará o país recuar”. A mensagem foi postada também em árabe e em inglês.
Tensão cresceu no fim de semana
A tensão entre Paris e Ancara cresceu no fim de semana. Horas depois das declarações de Erdogan sobre a saúde mental de Macron, a presidência francesa criticou “a ausência de mensagens de condolências e de apoio do presidente turco” após o assassinato do professor Samuel Paty, decapitado na saída de sua escola, em Yvelines, na região parisiense.
O Ministério turco das Relações Exteriores assegurou, neste domingo (25), que o embaixador da Turquia na França enviou suas condolências. O órgão divulgou um comunicado afirmando que a Turquia “luta há anos contra todo tipo de terror e violência, e estava triste com a morte de Samuel Paty”.
Em um tuíte publicado em 17 de outubro, o embaixador da Turquia na França, Ismail Hakki Musa, se disse “horrorizado” com o assassinato de Paty.
Paquistão convoca embaixador francês
Paralelamente, as autoridades paquistanesas convocaram nesta segunda-feira (26) o embaixador da França no país, Marc Barety, um dia depois do primeiro-ministro do país acusar o governo francês de “organizar um ataque contra o Islã”.
A convocação foi confirmada em um comunicado do Ministério das Relações Exteriores paquistanês. O texto condena “a campanha islamofóbica sistemática, conduzida sob o pretexto da defesa da liberdade de expressão”.