Sociedade Transportadores retiram autocarros da rota Maputo-Homoíne na Junta

Transportadores retiram autocarros da rota Maputo-Homoíne na Junta

O número de autocarros que faz carreiras de Maputo ao distrito de Homoíne, na província de Inhambane, reduziu de quatro para um, desde que começou a movimentação de homens armados da Renamo a três de Janeiro corrente naquele distrito.

É que desde que foi reportado a circulação de homens armados nos povoados de Macauleze, Vavate, Fanhafanha e Pembe, em Homoíne, o número de passageiros no terminal da Junta com destino àquele ponto reduziu. Já houve confrontação entre o exército governamental e os homens armados.

O gestor adjunto do Terminal da Junta, Maputo, Augusto Mucavele, disse que durante o mês de Dezembro os quatro carros de Homoíne saíam cheios, mas desde que há confrontos entre homens armados da Renamo e o exército governamental o movimento reduziu.

“Até Dezembro, antes do início das confrontações entre os homens armados da Renamo e as tropas governamentais, por dia saíam três a quatro autocarros com destino a Homoíne. Agora só sai um a dois”, disse.

A voz dos motoristas

Leopoldo Anibal, da rota Maputo-Maxixe, diz que a sua rota é Maxixe, mas está afectada pela situação da guerra em Homoíne. A razão é simples. De Homoíne a Maxixe são 23 quilómetros e muitos passageiros de Homoíne subiam o autocarro de Maxixe, para deste ponto subir “chapa” até ao destino.

Segundo Anibal, na Maxixe há um afluxo de pessoas que querem seguir a Xai-Xai ou Maputo, o que se supõe que estejam a sair do interior dos distritos de Homoíne e Jangamo.

“Nas paragens, encontrámos muitas pessoas que vêm do interior do distrito de Homoíne. Elas dizem que vêm buscar refúgio em Xai-Xai ou Maputo”, disse.
António Langa, outro transportador na rota Homoíne- Maputo, disse que é normal ficar na bicha de embarque até às 11 horas.

“É normal esperar muito tempo para encher o carro e não conseguir. Acabando por desistir”, disse acrescentando que muitas vezes vê-se forçado a viajar sem ter enchido o autocarro.

Vasco Almeida, também transportador de Homoíne, descreveu a situação de dramática, na medida em que leva cerca de 4 horas para encher o autocarro, o que antes não acontecia.

“Levamos hora a fio para completar os assentos. Os patrões dos nossos colegas acabaram retirando as suas viaturas da circulação”, disse.

Passageiros apelam ao diálogo

Alguns passageiros interpelados na Junta com destino ao distrito de Homoíne foram unânimes em afirmar que o Governo e a Renamo deviam dialogar porque a “guerra não é convite para jantar”.

Gil Venâncio diz que ainda guarda na memória o que aconteceu a 18 de Julho de 1987 naquele distrito. Lembra que naquele massacre perdeu dois membros da família que foram raptados e que nunca mais voltaram.

Por seu turno, o passageiro Pedro Vuma disse que estava de viajem a Homoíne. Já havia se comunicado com os familiares e estes garantiram estarem bem.
“Os meus familiares disseram que a guerra era uma realidade em Homoíne”, disse.

Situação noutras regiões

Num outro desenvolvimento, Mucavele disse que o número de passageiros que solicitam bilhetes para as cidades da Beira (Sofala), Quelimane (Zambézia), Chimoio (Manica) e Tete também reduziu.

“Os passageiros com destino às zonas centro e norte do País (Quelimane, Beira, Chimoio e Tete) reduziu, se comparado com igual período do ano passado”, disse Mucavele.

Disse, por exemplo, que os autocarros com destino a Quelimane, com uma lotação de 70 lugares, só conseguem 27 passageiro por dia.
Um autocarro com destino à cidade de Tete tem uma capacidade para 70 lugares por dia, mas leva 20 passageiros.