No leque das preocupações está o facto de nos últimos anos estar-se a assistir ao que a Associação dos Fornecedores de Água de Moçambique (AFORAMO) chama de “total desrespeito pelos investimentos privados”, que se traduz na elaboração de projectos públicos para as mesmas áreas servidas pelos primeiros, vandalização da sua rede, entre outras anomalias.
Lamentam o facto de o Ministério das Obras Públicas e Habitação (MOPH), que tutela a área da água, nunca ter respondido aos pedidos de encontro solicitados pelos operadores privados, nem às exposições por escrito feitas em diversas ocasiões.
Foi perante este cenário que a Assembleia Extraordinária da AFORAMO, realizada a 8 de Junho corrente, decidiu pela suspensão do fornecimento de água à população a partir de 11 de Julho.
A associação exige que o Estado indemnize os fornecedores por perdas dos seus investimentos e/ou clientes e por lucros cessantes em virtude dos actos do provedor público.
Querem ainda que sejam ressarcidos pela sobreposição dos projectos públicos aos dos privados e garantia de que o fornecimento de água aos seus clientes será, doravante, devidamente assegurado pelo Estado.
Entretanto, Paulino Cossa, presidente da AFORAMO, uma agremiação com cerca de 700 membros em todo o país (80 por cento dos quais baseados em Maputo e Matola), disse a nossa fonte ” que a associação já começou a dialogar com o Governo.
“Sentimos abertura e interesse em resolver o problema, mas há passos concretos que o Governo deverá dar para que possamos levantar a decisão. Até ao momento mantemos o plano de parar o fornecimento de água à população a partir de 11 de Julho próximo”, disse.
Falando ontem ao nosso Jornal, a-propósito, a directora nacional de Águas, Suzana Loforte, disse que o Governo tem os operadores privados como parceiros importantes no fornecimento daquele recurso à população, não havendo nenhum interesse de prejudicá-los.
Sobre a vandalização da rede que se regista no âmbito das obras de expansão do sistema público em diversos pontos de Maputo e Matola, Suzana Loforte disse ser da responsabilidade do empreiteiro e do fiscal e não uma acção programada pelo Governo, representado pelo Fundo de Investimento e Património do Abastecimento de Água (FIPAG).
Quanto às indemnizações, a fonte reconheceu a racionalidade e justeza da exigência, mas disse estarem em análise os formatos, na medida em que a AFORAMO quer que os operadores sejam ressarcidos até pelos lucros que os seus associados teriam e não apenas no investimento realizado na instalação às infra-estruturas.
Neste momento, segundo garantias da responsável máxima da DNA, trabalha-se no sentido de a AFORAMO recuar na sua decisão de parar de fornecer água, o que a acontecer afectaria cerca de 200 mil pessoas, só nas periferias de Maputo e Matola, de acordo com dados oficiais.
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