Sociedade Tráfego coloca Matola mais longe de Maputo

Tráfego coloca Matola mais longe de Maputo

A linha férrea de Ressano Garcia, principal via de escoamento de carga de e para o porto, não está a receber comboios comerciais e de passageiros desde 19 de Fevereiro último, apesar de, há semanas, os Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) terem-na declarado apta para o efeito após obras numa ponte na zona de Tenga.

Com efeito, depois de na última sexta-feira o tráfego rodoviário entre Maputo e Matola ter se mergulhado num caos devido ao congestionamento, a situação voltou a repetir-se no dia seguinte, sábado, com várias dezenas de camiões transportando carga para o porto a concentrar-se não só no recinto da Portagem de Maputo, como também ao longo do troço entre a portagem e a entrada para o recinto portuário.

Outras tantas dezenas de camiões foram sendo imobilizados ao longo daquela via até sensivelmente ao bairro de Mahlampsene, na Matola, uma decisão articulada entre a Polícia da República de Moçambique e a TRAC, concessionária da estrada.

Entretanto, e segundo dados apurados pela nossa Reportagem, a par do aumento exponencial do parque automóvel e de camiões que demandam o porto, o congestionamento na N4 está igualmente ligado a obras em curso no recinto portuário, nomeadamente a reconstrução de vias de acesso, trabalhos que deverão ser concluídos em finais de Maio.

Outra condicionante na circulação de veículos é, segundo informações apuradas pela nossa fonte, a existência de camiões em mau estado mecânico que, em caso de avaria, obstruem a via complicando ainda mais a situação, sobretudo quando carregados de mercadoria sensível ou com peso que exija a intervenção de equipamentos especiais para remover o obstáculo.

Tráfego coloca matola mais longe de Maputo

No entanto, o encerramento da linha férrea de Ressano ao tráfego constitui, segundo apurámos, a principal dor de cabeça para o Porto de Maputo, onde cerca de 70 por cento da carga manuseada entra por via ferroviária. Aliás, o aumento de camiões que demandam o porto reflecte, em parte, o esforço de fornecedores sul-africanos de encontrar alternativas para fazer chegar a sua carga ao porto e, através dele aos seus clientes em diversos pontos do planeta.

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“O Terminal de Carvão da Matola não recebe uma tonelada de carvão há mais de 50 dias e isso é resultado da não circulação de comboios. Neste momento, o porto praticamente não está a fazer carvão e magnetite, duas cargas muito importantes na estrutura de negócios do porto. Quer dizer, não é verdade que a linha de Ressano esteja reaberta ao tráfego porque para nós reabrirmos significa ter comboios a passar, a trazer mercadoria para o porto e a levar outra para vários destinos…”, disse fonte do porto.

Dados apurados pela nossa Reportagem indicam que alguns fornecedores sul-africanos condicionam a utilização da linha de Ressano à realização de uma inspecção à via, de modo a aferir-se o seu grau de segurança. Aliás, sabe-se que para além da ponte reconstruída no Km 26,9, outras duas ao longo da linha encontram-se em obras visando reforçar a sua capacidade.

Os CFM não confirmam esta informação, mas reconhecem que tanto a linha de Ressano como a de Limpopo inspiram intervenções de vulto após as obras de emergência recentemente terminadas, de modo a aumentar-lhes a capacidade face ao incremento dos volumes de negócio dos países vizinhos através do Porto de Maputo.

Enquanto isso, a TRAC defende uma maior coordenação entre as instituições com responsabilidade na gestão do tráfego na N4, de modo a evitar que a falha de uma das partes não resulte num maior caos no tráfego rodoviário.

“Entendemos que se o porto tem obras no seu recinto deve coordenar connosco e com a Polícia de modo que, juntos, possamos intervir a tempo de evitar embaraços ao trânsito”, disse a fonte, acrescentando que novos congestionamentos poderão ocorrer nos próximos dias entre Maputo e Matola, enquanto não se reabrir o tráfego na linha de Ressano e enquanto os níveis de coordenação institucional forem baixos como acontece agora.