Sociedade Meio Ambiente Cheias em Chókwè: Há também belas recordações

Cheias em Chókwè: Há também belas recordações

Na verdade, se em boa parte dos residentes do Chókwè e de outros pontos da região atingidos pelas calamidades ficará gravada a imagem de choros pela perda de ente queridos e de bens diversos, nalguns lares, embora poucos, o 23 de Janeiro de 2013, data em que a vila ficou inundada, será recordado pelo nascimento de crianças, algo digno de louvor.

Dentre vários exemplos, vai o da pequena Sheila, que veio ao mundo em cima do telhado da casa em que os pais viviam no quarto bairro do Chókwè. Sua mãe, Manuela Cuinica, contou ao “Notícias” ter começado a sentir dores de parto naquela noite e não havendo como sair do bairro, a menina acabou nascendo mesmo no telhado da residência.

Cheias em Chókwè: Há também belas recordações

Falando à nossa Reportagem, Manuela Cuinica disse ter arriscado em permanecer na zona residencial, apesar da ordem de retirada, longe de pensar que aquele pudesse ser o seu dia do parto. Na altura, o esposo, que é militar, encontrava-se no quartel, fora do distrito.

Recomendado para si:  Jovens em Moçambique enfatizam reconciliação nacional como processo em construção

Posteriormente foi socorrida para o centro de acomodação de Chihaquelane, onde a encontramos, ponto no qual a pequena Sheila, saudável, teve o primeiro contacto com agentes da Saúde.

Episódios semelhantes tendem a acontecer em outros pontos do país sempre que famílias ou comunidades ficam sitiadas por cheias, mas até ao momento o nascimento de Rosita (numa árvore), na zona de Mondeane, no Chibuto, em plenas cheias de 2000, continua a ser a estória mais mediatizada. A imagem da pequena nos braços da sua mãe captada quando um helicóptero da Força Aérea sul-africana as avistou e as resgatou do cimo de uma árvore percorreu o mundo, o que mobilizou uma campanha de solidariedade em favor da pequena Rosita e seus pais.

Hoje, Rosita, uma adolescente, tem 13 anos.

Sheila, que nasceu em circunstâncias semelhantes às da Rosita, é a nona criança de Manuela Cuinica, que garantiu fixar residência definitiva em Chihaquelane para não voltar a viver os efeitos das cheias.