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Atiraram a roupa ensanguentada do taxista ao lixo: Polícias acusados tentaram apagar vestígios do crime

Como a camisete, calça e sapatilhas que Mido Macia trajava no fatídico dia estavam completamente rasgadas e banhadas de sangue, os nove policias trataram de jogar tudo fora e procurar um novo vestuário, como forma de dar a entender que ele não perdeu a vida em consequência da tortura.

Segundo o Ministério Público sul-africano, após espancarem o taxista e perder forças, os polícias trataram de trocar a sua roupa e colocar a vítima numa cela, onde viria a perder a vida. Esta acção, no entender do procurador do caso, visava esconder parte dos vestígios e confundir a equipa de investigadores.

Até aqui, algumas peças de roupa que o finado trajava no dia da morte foram recuperadas pelos investigadores, numa área próxima da esquadra. Buscas continuam no sentido de encontrar o que está em falta, para que seja junto ao processo como prova do crime. Do mesmo modo, estão em falta alguns documentos pessoais da vítima.

Atiraram a roupa ensanguentada do taxista ao lixo: Polícias acusados tentaram apagar vestígios do crime

Entretanto, o juiz Samuel Makamu classificou a acção dos polícias como sendo desumana, na medida em que ninguém dos nove acusados tomou a iniciativa de chamar à atenção dos colegas para a brutalidade com que tratavam o taxista, facto que o levou à morte. Segundo ele, a carga policial contra Macia não foi repreendida por ninguém, muito menos pelo comandante da esquadra, onde os acusados pertenciam e onde o moçambicano perdeu a vida.

“Do mesmo modo, ninguém avisou ao motorista que não podia arrancar a viatura porque atrás da mesma havia um cidadão mal algemado. Alguém devia ter tido a responsabilidade de velar por isto e chamar à atenção do motorista ou dos colegas para que não continuassem com a violência. Na esquadra aconteceu o mesmo, ninguém teve a responsabilidade de travar esta acção cruel dos policias, muito menos o comandante que pautou por alinhar com o comportamento dos seus subordinados. Macia morreu sem ninguém lhe prestar qualquer tipo de ajuda” – lamentou o juiz, face ao comportamento dos agentes da policia sul-africana.

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O tribunal reprovou ainda a atitude dos policias de não procurar esclarecer, efectivamente, o papel ou o grau de participação de cada um no crime, facto que não ajudou para que lhes fosse concedida a liberdade, sob forma de caução. De acordo com o tribunal, cabe agora à investigação apurar o grau de responsabilidade de cada agente na morte de Mido Macia, o que irá facilitar ao tribunal, na tomada da decisão final.

O Ministério Público já disse que a acção dos policias não tinha razão de ser, uma vez que pela transgressão ao código de Estrada cometida pelo finado, bastava passar-lhe uma multa. No seu entender, fica difícil perceber como é que nove polícias treinados não conseguiram pensar nisso, ou mesmo usar tácticas mais suaves aprendidas durante a formação, para dominar um indefeso.