Apesar deste pressuposto, muitas são as crianças que não sabem o que é viver num lar e ao lado da sua família. As razões da sua retirada do seio familiar variam, indo alguns viver na rua e os sortudos em centros de caridade.
A nossa reportagem conversou com algumas meninas que encontraram um lar para viver e aprender no Orfanato e Colégio Maria Auxiliadora, localizado na vila transfronteiriça de Namaacha, Província de Maputo, a 75 quilómetros da capital.
Uma das crianças com a qual conversamos é Amélia Tivane, menina de 15 anos de idade, que não chegou a conhecer os seus progenitores. Cresceu sob tutela de uma mulher que a acolheu através de um projecto denominado Casa do Gaiato, que visa a integração de crianças em famílias.
“Desde pequena vivo no orfanato. Perdi os meus pais quando bebé e ninguém da minha família se ofereceu para cuidar de mim. Fui adoptada por uma mulher do distrito de Boane, a pedido do projecto Gaiato, com quem vivi entre 2005 e 2009, de onde saí para este colégio”, conta Amélia, explicando que conseguiu superar a perda dos pais.
Para Amélia, o mais importante é concluir o ensino médio e ingressar na universidade, uma vez que graças ao centro, conseguiu retomar às aulas, pois a mãe adoptiva não tinha dinheiro para mantê-la na escola.
“Agora frequento a 8ª classe, aprendi muita coisa e já me decidi. Quero ser advogada para defender outras crianças e garantir que elas tenham o lar e família que eu não tive”, comentou a menor.
A triste biografia de Clementina da Glória, de 14 anos, começou logo após o seu nascimento quando o pai a abandonou e foi viver na província da Zambézia, com outra mulher. Em 2004 perdeu a mãe ficou apenas com o seu irmão e as tias maternas.
“E como elas não tinham condições financeiras para me sustentarem e pagar as despesas da escola, uma Irmã da igreja levou-me até aqui. Tenho ido à casa dos meus familiares apenas nas férias para visitar, mas já considero o centro a minha casa”, declarou Clementina.