Em conversa com a nossa reportagem, João Chavango explica que a floresta comunitária de Mafuiane é vandalizada por indivíduos na calada da noite, suspeitando-se que se trata de indivíduos idos de pontos distantes, uma vez que não há, na zona, nenhuma área habitada.
Segundo a fonte, a instalação daquela floresta, que integra eucaliptos e vários tipos de plantas nativas, foi possível graças ao apoio de uma organização italiana que, além de fornecer as plantas, forneceu água para a rega até um estágio em que as árvores se tornaram autotrófitas (capazes de gerar alimentos para o seu próprio sustento).
“ No princípio enfrentámos uma grande resistência de alguns sectores da sociedade, com alguns a dizerem que não seria possível criar-se uma floresta por essa ser prerrogativa divina. Outros tentavam desacreditar o projecto afirmando que a ideia de criar uma floresta só podia ser levada a bom porto por brancos, que nós, os negros, não podemos sonhar com isso. Mas a prática rapidamente mostrou que quem assim pensava estava errado. A floresta reagiu muito bem e rapidamente as plantas cresceram e começaram a causar a cobiça daqueles que nunca acreditaram na iniciativa…”, desabafou Chavango.
Segundo Chavango, as estacas cortadas fraudulentamente na floresta de Mafuiane podem estará ser usadas na estrutura de casas de construção precária ou de alpendres erguidos com base em material local, comuns em muitos estabelecimentos de pasto existentes sobretudo nas zonas de expansão das cidades.
A fonte acrescenta que a comunidade já está alerta e conta poder identificar os autores dos sucessivos roubos que ocorrem na floresta. Ainda assim, reconhece que não vai ser tarefa fácil uma vez que os ladrões actuam na calada da noite.
“ Estamos a pensar na melhor maneira de lidar com o problema. A floresta já estava com bons indicadores e já começávamos a sonhar com estacas extraídas dela a serem usadas na construção de escolas e hospitais para a nossa comunidade, ou até na sua venda a qualquer interessado. Temos alguns suspeitos de estarem envolvidos nos roubos mas fica um pouco complicado apontar o dedo a alguém porque mesmo se for preso, amanhã ele pode vir te cobrar”, disse Chavango.
A floresta comunitária de Mafuiane foi erguida numa área adjacente a uma pedreira no activo, razão por que se acredita que o seu desenvolvimento poderia concorrer para a purificação do ar, sobretudo agora que a zona foi parcelada e os talhões atribuídos a interessados em erguer suas habitações na zona.