“A situação é crítica por isso mesmo as pessoas devem retirar-se. Xai-Xai está em alerta máximo, aventando-se a hipótese de ser evacuada a qualquer momento”, disse a propósito Rute Nhamucho, chefe do Departamento de Recursos Hídricos na Direcção Nacional de Águas.
De facto, ontem já se via em Xai-Xai o movimento de retirada quer das instituições públicas e privadas, como também da população que receia a repetição do cenário das cheias de 2000.
Ainda ontem uma equipa do Conselho Técnico de Gestão das Calamidades sobrevoou as áreas inundadas e considerou a situação de preocupante, porquanto as áreas a jusante de Chókwè correm perigo, tal é o volume de águas que está a correr em direcção ao mar.
Segundo esclarecimentos dados por Rute Nhamucho, a presente onda aproxima-se ao nível 3 que é alto para o Limpopo e para além de Xai-Xai, há risco alto para o Chibuto.
A cidade do Chókwè foi invadida pelas águas do Limpopo às 20.00 horas da passada terça-feira, altura em que muitos dos residentes começaram a abandonar a região. Muitos outros continuaram empoleirados nos tectos das casas ou mesmo mantiveram-se nos prédios sob o argumento de que se tratava de uma onda passageira.
A maioria das pessoas acabou se refugiando em Chihaquelane como aconteceu quando das cheias de 2000. Aliás, o cenário descrito na cidade de Chókwè é de calamidade.
O ambiente ao longo de todo o troço que liga a cidade do Chókwè à vila da Macia, era simplesmente desolador com várias dezenas de viaturas, especialmente camiões e camionetas, transportando gente e seus haveres.
A rodovia acabou transformada também num verdadeiro corredor de manada de gado bovino, caprino e ovino em busca de refúgio em Chihaquelane, uma zona relativamente mais segura há sensivelmente 30 quilómetros de Chókwè.
O local, previamente seleccionado pelo INGC para acolher as vítimas desta calamidade, estava ontem muito longe de dar resposta a esta emergência, uma vez que até à altura estavam apenas criadas condições para a acomodação de pelo menos 600 pessoas, em 50 tendas, contra vários milhares de necessitados.
O caudal medido em Macarretane, na altura da inundação de Chókwè, era de cerca de nove mil metros cúbicos por segundo. O avaliado junto à fronteira com a África do Sul foi de oito mil metros cúbicos por segundo e o que entrou em território moçambicano atingia 10 mil metros cúbicos por segundo no dia 19 de Janeiro contando com contribuições provenientes do rio Limpopo.
Ontem Macarretane dava indicações de estabilização, mas o muro-guia a jusante foi superado e registavam-se fugas de água pelas margens laterais da infra-estrutura.
Ainda não era possível fazer o balanço dos danos causados pela presente onda de cheias, porquanto as autoridades estavam envolvidas nas acções de socorro da população que não foi capaz de sair a tempo de Chókwè para Chihaquelane e de Guijá para Javanhane.
Para além da cidade de Chókwè, a onda afectou progressivamente as aldeias de Chihaquelane, Chiguidela, Chalucuane, Mapapa, Chinangue, Conhane, Marambandjane, Malhazene, Mapapa, Muianga, Muzumuia, Sangene e Zuza.