Aquele mar de gente aglomerou-se na zona partir de terça-feira, ido da vila de Chókwè, de Lionde e de outras regiões circunvizinhas como Conhane, Mapapa, Chihaquelane, Chiguidela, Chalucuane, Chinangue, Conhane, Marrambandjane, Malhazene, Mapapa, Muianga, Muzumuia, Sangene e Zuza.
Os primeiros abandonaram as suas residências antes mesmo das águas começarem a penetrar nas áreas residenciais, em resposta aos alertas de comités locais de gestão de risco. Estes puderam levar parte significativa dos seus bens, dependendo das capacidades de transporte.
Contudo, muitos outros, considerados renitentes, só foram dar à Chihaquelane quando a situação já era crítica por isso mesmo não puderam levar nada porque boa parte dos seus haveres já tinha sido engolida ou arrastada pelas correntes.
Na sexta-feira, a baixa de Chicumbane virou outro foco de apreensão, quando o tráfego rodoviário foi interdito pela Administração Nacional de Estradas (ANE), por uma das pontes ter ficado com as suas fundações suspensas em resultado de uma erosão provocada pela corrente das águas.
Rapidamente formaram-se filas enormes de viaturas desde a parte alta da cidade de Xai-Xai à zona da “Pontinha” e da entrada de Chicumbane em direcção à capital provincial de Gaza.
O corte da circulação rodoviária em Chicumbane ocorreu dois dias após a destruição da ligação entre o posto administrativo de Chissano e a vila de Chibuto.
Daquela forma, Maputo e parte sul de Gaza ficavam isolados do resto do país, o que representa constrangimentos e custos enormes, tendo em conta a dependência dos demais pontos de Moçambique em relação a capital.
Antes, na véspera, a parte baixa da cidade de Xai-Xai tinha vivido momentos de pânico com a entrada da água resultante do transbordo do rio. Dezenas de famílias ficaram momentaneamente sitiadas e viram parte do seu gado bovino que usa a baixa como campo de pastagem a ser arrastado pelas correntes.
Se doutro lado do Limpopo, as águas já permitiam a entrada de viaturas até ao coração de Chókwè, idas da Macia, embora o interior das ruas ainda continuasse inundado, Guijá, distrito bem perto, permanecia completamente isolado em resultado dos cortes tanto do lado da estrada Guijà/Caniçado assim como Chókwè/Caniçado.
O cenário era tal que três dias depois do início das operações de resgate ainda existiam inúmeras famílias nos telhados das casas e outras empoleiradas nas árvores à espera de resgate. Muitos ficaram nesta situação sem alimentos e correndo riscos de toda a espécie.
A fotografia constrangedora, untada com luto – o número oficial de óbitos ultrapassa 30 – das cheias de 2000 voltava à memória dos moçambicanos e dos habitantes de Gaza, em particular.