As famílias desalojadas encontravam-se ontem em dois centros de acomodação criadas pelo Governo distrital face à evolução da situação e as águas estão a pouco metros da estrada Nacional Número Um (EN1), podendo a qualquer momento galgar o asfalto e criar constrangimentos ao trânsito rodoviário na estrada Centro-Nordeste.
As famílias perderam tudo, desde casas, comida, roupa e outros bens. O Executivo despachou ontem para Nicoadala um contingente das Forças de Defesa de Moçambique para assegurar as operações de busca e salvamento e nalguns casos de resgate de pessoas sitiadas nas regiões de Nhanguou e Mussossane na localidade de Licuar.
Em consequência das cheias, 14.500 hectares de culturas diversas estão praticamente perdidos. Em entrevista à nossa Reportagem, o director dos Serviços Distritais das Actividades Económicas, Nel Graça, disse as culturas mais afectadas são o milho, mandioca, arroz, para além da perda de animais de pequena espécie. “O trabalho de levantamento prossegue no terreno para apurar a real dimensão dos prejuízos. Acreditamos que a cultura do arroz pode resistir às águas mas em relação às outras temos um grande receio”, disse aquele responsável.
Entretanto, as aulas foram interrompidas em consequência do cenário desolador criado pelas inundações e transbordo do rio Licuar. O director dos Serviços distritais da Educação Juventude Ciência e Tecnologia de Nicoadala, Alexandre Conhece, disse que 11 mil alunos não estão a estudar pelo facto de as suas escolas ou salas de aula estarem inundadas.
Dados em nosso poder indicam que são no total treze salas destruídas e doze escolas inundadas.
O governador da Zambézia, Joaquim Veríssimo, que visitou os dois centros de acomodação criados em Licuar, apelou à população desalojada para melhorar os níveis de higiene e de saneamento. Convidou as pessoas a construírem as suas casas nas zonas seguras. “Podemos ter uma casa lá na zona baixa mas a casa principal deve ficar deste lado em cima para melhor cuidar as crianças e os nossos bens”, disse.
O delegado do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades na província da Zambézia, Silvestre Uqueio, disse que ontem mesmo uma ajuda de emergência constituída por comida, lonas e tendas foram canalizados para Licuar a fim de socorrer as vítimas das inundações e cheias. Esta operação conta com o apoio da Cruz Vermelha de Moçambique e outros parceiros.
No que tange ao trânsito rodoviário, os troços Mopeia-Luabo, Namacurra-Macuse estão interrompidos.