Com efeito, segundo confirmou o respectivo administrador, Gilberto Canhenze, os produtos alimentares e outros de primeira necessidade, estão a chegar a conta-gotas depois de uma ginástica gigantesca. Para além do rio Muira, o troço Mungari/Muira está, igualmente, intransitável devido à destruição de um “drift”, num dos cursos hídricos da estrada Guro/Tambara.
Segundo explicou Canhenze, a estrada Guro/Tambara sofreu três cortes. Os comerciantes transportam os produtos de Guro até a outra margem do riacho que ficou sem “drift”, ao mesmo tempo que pessoas transportam-nas à cabeça para atravessar o curso de água e dai baldeados em outros carros sitiados noutra margem, que os levam à Muira. Aqui, a ginástica é a mesma. Os produtos são levados à cabeça e baldeados em outros carros noutra margem do rio Muira e dai vão até Nhacolo, depois de uma outra operação idêntica no rio Tchidji, cujo caudal igualmente subiu.
O administrador de Tambara considera esta situação de “preocupante” mas diz não ter solução senão a redução do caudal do rio Muira ou a construção de uma ponte sobre aquele curso de água. Na sequência desta situação, o custo de vida está a apertar, em Tambara, onde os comerciantes, para compensar os custos de transporte das mercadorias, decidiram subir os preços dos seus produtos.
Neste momento, segundo a fonte, para além das mercadorias, viaturas e pessoas encontram-se sitiadas em cada uma das margens dos rios causadores do isolamento, uma situação que o administrador distrital considera, no entanto, não ser grave uma vez o transporte de pessoas e bens continuar a fluir em direcção a Nhacolo e a Guro e vice-versa.
Segundo explicou, as pessoas atravessam a pé, carregando à cabeça os seus produtos e apanham transporte em cada margem, prosseguindo viagem desta forma. Do ponto de vista logístico, Canhenze disse não haver ainda problemas a destacar, embora tenha reconhecido que o fornecimento é irregular.
Ponte só a partir deste ano
Informações que tivemos acesso junto do director provincial das Obras Públicas e Habitação de Manica, Agostinho Raiva, indicam que Muira vai ter ponte a partir deste ano. Um concurso visando a edificação do empreendimento, já foi lançado, o que administrador refere ser única forma que Tambara vai encontrar para evitar isolamento em épocas chuvosas.
A governadora de Manica, Ana Comoane, deslocou-se ontem ao distrito para se inteirar da situação no terreno. Segunda-feira trabalhou na cidade de Chimoio onde verificou “in loco”, os estragos causados pelas enxurradas na capital provincial de Manica.
Dados recentemente tornados públicos indicam que as chuvas que vêm caindo na província de Manica, mataram pelo três pessoas, feriram 49, destruíram 2.341 casas e isolaram dois distritos. Das destruições apontam-se também culturas agrícolas, estabelecimentos de ensino, casas de culto, “drifts”, pontecas e estradas.
Na sequência desta situação, pelo menos 570 famílias ficaram sem tecto devido à destruição total das suas habitações e 1.771 outras registaram danos parciais em suas casas. Maior parte das destruições ocorreu na cidade de Chimoio, a capital provincial, onde pelo menos 1.641 casas ficaram parcialmente destruídas e 510, todas de construção precárias, desabaram totalmente.
Entre as casas destruídas parcialmente na cidade de Chimoio, constam 80 de construção convencional. Ainda na capital provincial de Manica, pelo menos 17 pessoas contraíram ferimentos, 29 casas de culto desabaram, a mesma sorte que atingiu 14 barracas em diversos mercados informais da cidade. Os prejuízos, cujos levantamentos prosseguem, aconteceram em todos os três postos administrativos urbanos da autarquia e atingiram, com maior incidência, os bairros suburbanos.
Dos distritos da província de Manica, chegam informações segundo as quais, 29 pessoas contraíram ferimentos diversos, 191 famílias foram desalojadas e 105 casas de construção precária desabaram no distrito de Sussundenga.
No distrito de Manica, mais concretamente no Posto Administrativo de Messica, duas pessoas perderam a vida e igual número contraiu ferimentos. A terceira vítima mortal perdeu a vida em Cafumpe, distrito de Gondola. As causas dos óbitos e ferimentos não foram reveladas, mas o delegado do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC), em Manica, admite ter sido por electrocussão ou desabamento de paredes de casas.
No distrito de Gondola, para além das vítimas humanas, no Posto Administrativo de Cafumpe, onde igualmente 25 pessoas foram afectadas e duas famílias ficaram sem tecto, uma pessoa ficou ferida em Matsinho, 23 agregados foram desalojados em Amatongas com destruição de igual número de habitações de construção precária.
Em Guro, dados em nosso poder indicam a destruição de 1.432 hectares de culturas diversas, afectando 955 famílias e duas salas de aula desabaram, deixando os alunos ao relento.
O INGC, em Manica, já iniciou um programa de apoio à reconstrução das casas desabadas, ao disponibilizar 90 “kits” de construção, 48 lonas e 3.100 metros de plástico. Para além disso, 10 famílias consideradas carentes e cujas casas desabaram, na cidade de Chimoio, vão receber ajuda alimentar, segundo informou o respectivo delegado, João Vaz.