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Governo faz muito pouco para recuperar coqueiro – afirmam especialistas e empresários da Zambézia

O governo não tem feito quase nada para a recuperação do palmar que está quase a desaparecer dos campos do sector familiar e privado da província da Zambézia.
Governo faz muito pouco para recuperar coqueiro - afirmam especialistas e empresários da Zambézia

De uma área total de 40 mil hectares dados como praticamente perdidos apenas foram replantados oito mil, ainda assim, nessa área, as perspectivas de recuperação são bastante sombrias devido, fundamentalmente, ao facto de as árvores híbridas estarem a morrer.

Os participantes à IX Reunião do Comité Nacional de Aconselhamento da Iniciativa para Terras Comunitárias, que decorreu há dias em Quelimane, foram unânimes ao afirmar que o palmar não pode morrer, porque para os naturais da Zambézia ele tem valor económico e cultural, simultaneamente.

Henriques Ferrão, da associação dos produtores industriais do coqueiro da Zambézia, disse, na ocasião, que o Governo deve potenciar as empresas para a revitalização do coqueiro. Segundo aquele especialista, antes de preocupar-se com a terapia é necessário investigar as causas da doença e os esforços até agora feitos mostram claramente que tem sido feito muito pouco para impedir o desaparecimento do coqueiro.

“O coqueiro não deve desaparecer na Zambézia, mas para isso é necessário envolver as empresas pelo seu historial na produção do coqueiro para contribuírem com o seu conhecimento e acompanhada com uma investigação”, disse Henriques Ferrão, antigo director da Ex-Boror de Macuse e representante dos produtores industriais, para quem há uma grande preocupação não só das empresas, mas também do sector familiar em ver concretizado o trabalho que está sendo desenvolvido pela Millennium Challenge Account-Moçambique, na investigação e distribuição de viveiros híbridos.

O agrónomo Ernesto Paulino disse que o coqueiro tem um papel cultural para a população da Zambézia, por isso todo o esforço deve ser orientado para a investigação, procurando as causas da doença do amarelecimento letal do coqueiro. Segundo explicou, a morte do coqueiro está a trazer problemas de fraco poder de compra por parte dos produtores, principalmente, do sector familiar e a medida de introduzir culturas alimentares, como o gergelim e feijões nas áreas onde o coqueiro desapareceu é boa, mas devido ao factor cultural é importante que se avance para a sua recuperação.

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Por seu turno, o director da Associação Rural de Ajuda Mútua (ORAM), Lourenço Duvane, afirmou que a população que dependia do coqueiro enfrenta actualmente dificuldades para pagar imposto anual de 30 meticais por falta de renda. A título de exemplo, Lourenço Duvane disse que no posto administrativo de Macuse, no distrito de Namacurra, milhares de pessoas passam por dificuldades extremas para se alimentarem porque já não é possível comercializar a copra, madeira e outros subprodutos que garantiam a renda das famílias.

Entretanto, num encontro recente entre o Executivo e o sector privado esta questão voltou a dominar a agenda da reunião entre as partes. Enquanto o Governo defendia que estão a ser distribuídos mais de 50 mil viveiros híbridos com vista     à recuperação do palmar, o sector privado acusava de não estar ser feito nada e que a situação do palmar exigia um plano director de emergência.

Armando Cardoso, do CTA-Zambézia, defendeu que o Executivo deve criar uma instituição com autonomia administrativa e financeira para cuidar a questão de coqueiro dado o seu peso na economia da província da Zambézia.

A preocupação dos especialistas e dos empresários reside no facto de a investigação não estar a trazer resultados palpáveis e as plantas híbridas estarem a morrer. Mais do que isso, a Millennium Challenge Account-Moçambique vai terminar o seu programa em Setembro do próximo ano e pairam muitas dúvidas sobre o que irá acontecer depois da sua retirada.