Sociedade Escassez de transporte aflige milhares de utentes

Escassez de transporte aflige milhares de utentes

A falta de transporte no Terminal Rodoviário Interprovincial da Junta, na cidade de Maputo, está a preocupar milhares de utentes que pretendem viajar para diversos pontos do país a fim de passar as festas de fim de ano.

Escassez de transporte aflige milhares de utentes

Pessoas entrevistadas pela nossa fonte foram unânimes em afirmar que os transportes são quase inexistentes para o elevado número dos utentes que procuram viajar e isso está criar um mal-estar nos passageiros.

Os entrevistados reconhecem que viajar a essas alturas do ano é muito difícil, mas não tinham disponibilidade para fazê-lo antes, devido à falta de dinheiro e múltiplas tarefas.

A nossa fonte encontrou Natália da Graça cerca das 11.00 horas da manhã, no terminal da Junta à procura de um carro para Morrumbene, província de Inhambane, e disse estar muito agastada por tanto esperar pelo autocarro que a levasse ao seu destino.

`Estou aqui deste às 5.00 horas da manhã e não consigo apanhar o carro. Há muitas pessoas que querem viajar, mas os carros são bastante poucos e não sei se consigo seguir hoje. A situação não está boa´, disse Da Graça, acrescentado que vai continuar a esperar até que apareça um carro, mesmo que seja para passar a noite naquele local.

Em contacto com a nossa fonte, Jorge Nuvunga, que pretendia viajar para Chibuto, província de Gaza, disse ter chegado pouco antes das 6.00 horas, mas até às 12.00 horas ainda não tinha apanhado o carro.

`Este ano há muitos problemas de transporte. No ano passado foi fácil porque consegui apanhar o carro facilmente. A minha viagem agora é uma incerteza total e não sei o que faço porque a família está à minha espera para juntos passarmos as festas de fim de ano´, indicou.

Cláudia Marisa também estava na Junta e desejava viajar para Inhambane Céu, mas disse que não estava a conseguir apanhar o transporte para concretizar o seu sonho de passar as festas fora de Maputo.

Entretanto, Inês Mindo, coordenadora do Terminal Rodoviário Interprovincial da Junta, disse que a sua instituição está a trabalhar arduamente no sentido de sensibilizar os transportadores para evacuarem o maior número dos passageiros.

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Explicou que das 4.00 às 9.00 horas da manhã conseguiram transportar mais de três mil passageiros para diferentes pontos, graças à colaboração dos transportadores e a organização dos passageiros.

`Não é fácil, mas estamos a dar o nosso máximo para evacuarmos o maior número possível de passageiros. Temos estado a cometer alguns erros por ser a nossa primeira experiência, mas estamo-nos a esforçar para ultrapassar esses problemas´, disse.

Os transportadores que operam no Terminal Rodoviário Interprovincial da Junta, na cidade de Maputo, são acusados pelos passageiros de aplicar preços exorbitantes nas bagagens, como forma de ter mais lucro.

Segundo os utentes, a aplicação dos referidos preços altos está a contribuir para que muitas pessoas desistam de viajar e outros acabam ficando muito tempo no terminal na esperança de apanhar um carro que lhes cobre um pouco menos.

Alberto Cumbane, um dos passageiros que ia seguir para a província Inhambane, contou que lhe teriam sido cobrados três mil meticais para transportar uma manta e duas caixas de ovos, valor que considera bastante alto.

`Eu ainda não viajei porque estão a cobrar um valor muito alto para carregarem a minha bagagem. Onde é que já se viu pagar três mil meticais por uma carga como esta?´, desabafou Cumbana, para quem os transportadores procuram a tudo o custo extorquir os passageiros porque estão num momento de aflição.

Eduardo Chichongue, que procurava carro para ir ao distrito de Mabote, em Inhambane, disse que os transportadores estão a ser muito oportunistas cobrando valores elevadíssimos nas bagagens.

`A situação não está boa aqui na Junta, por isso pedimos socorro às autoridades. Estão a cobrar muito dinheiro nas mercadorias. A minha encomenda não pode valer quatro mil meticais. Eu não tenho esse dinheiro para pagar´, disse.

Inês Mindo, coordenadora do Terminal Rodoviário Interprovincial da Junta, reconhece haver especulação na aplicação do preço da carga e disse não haver instrumento legal para agir, mas que os lesados deviam participar os casos ao posto policial local.