Sociedade Garimpo ameaça distrito de Manica

Garimpo ameaça distrito de Manica

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“A fome é que me leva a garimpar”, diz à Lusa Cabheto, que explora ouro na região de “Burundi”.

Entre murmúrios, Pita Cabheto, 24 anos, duas mulheres e três filhos menores, descreve o quotidiano de um garimpeiro do distrito de Manica, centro de Moçambique, que se esforça pela sobrevivência da família entre perigos nas minas e fome.
“A fome é que me leva a garimpar”, diz à Lusa Cabheto, que explora ouro na região de “Burundi”, e pensa em migrar para outras machambas da zona se a produção baixar.

Em frente de poços abertos, alguns a desabar, com saibro amontoado à superfície, retirado das minas de ouro, num distrito fértil em recursos minerais, o garimpeiro ignora o facto de estar a empurrar extensas áreas agrícolas de Manica para desertificação.

Esta alteração nos solos, com fraca capacidade de fertilidade, na superfície, pode levar várias áreas dos distritos da província de Manica, onde ocorre intensamente a prática do garimpo, à desertificação, advertem ambientalistas, uma situação descrita como “desastrosa”.

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“A sobreposição de terra pobre em húmus pode tornar as áreas garimpadas desertos, porque a terra do subsolo não tem capacidade germinativa. Esta prática perniciosa ao ambiente implica que, num futuro próximo, não haja plantas na região”, explica à Lusa Lino Manuel, ambientalistas do Centro Terra Viva, uma organização nacional de defesa do ambiente.

Não é conhecida a área de exploração ilegal de ouro em Manica.

O encerramento de um poço até 20 metros de profundidade, após a exploração, custa 600 meticais (16,2 euros), valor que nem os garimpeiros nem o proprietário da quinta, que aluga o terreno e partilha os lucros da venda do mineral, pagam, o que leva geralmente a que a terra seja abandonada.