Adriano Guirrugo, ginecologista obstétrico do Hospital Provincial de Chimoio (HPC), disse haver uma tendência de aumento de casos de partos complicados, originados pela ingestão de drogas tradicionais, que chegam a elevar a tensão arterial e convulsões antes do parto e à ruptura de úteros e patologias graves.
“As complicações, no anteparto, que mais ocorrem são a hemorragia, descolamento da placenta, rotura uterina, devido ao arrastamento do parto, que não ocorre no hospital por várias razões, e ao uso de medicamentos tradicionais para potenciar o parto”, disse Adriano Guirrugo, sem indicar números.
Outra situação, referiu, é o aborto, sobretudo induzido por meios ilícitos, que termina também com grandes complicações como hemorragias e é, muitas vezes, difícil de tratar e “leva muitas jovens e mulheres à morte”.
“Temos registado muitos casos em que a pessoa vem em estado grave e, quando perguntamos, dizem que tomaram medicamentos tradicionais”, disse Guirrugo.
Na semana passada, pelo menos cinco casos de complicações de parto deram entrada na maior unidade de referência na província de Manica. Outros foram transferidos para o Hospital Central da Beira (HPC), a referência regional do centro do país.
“Há casos de elevação arterial durante o parto, o que leva a um quadro grave, associado às convulsões, que não tem nada a ver com a malária”, afectando muitos órgãos vitais como cérebro, fígado e rins e muitas vezes levando à morte, disse Guirrugo.
Ainda segundo a mesma fonte, em muitos destes casos, um dos maiores constrangimentos é a carência de medicamentos para tratar as patologias, sobretudo os antibióticos.
As autoridades de saúde têm desenvolvido palestras educativas nas unidades sanitárias para desencorajar o uso de medicamentos tradicionais, sobretudo nas vésperas do parto, e proibir as gestantes de entrar com líquidos estranhos nas maternidades, mas há resistência devido às crenças locais.