Falando hoje, em Maputo, no parlamento moçambicano (AR), no final de dois dias da sessão de informações do governo, Vaquina indicou que “trata-se de uma ideia tanto falsa, como perigosa”.
Vaquina respondia a uma insistência do deputado Francisco Maingue, da Renamo, o principal partido da oposição parlamentar, segundo a qual “os jovens da (província central) de Tete são excluídos dos empregos em benefício dos jovens do Sul “. Tete é até aqui a província que converge maior parte de multinacionais da área do carvão mineral.
Segundo o PM, a Renamo pretende criar um ambiente de conflito que torna a exploração dos recursos naturais “impraticável, como forma de Moçambique e os moçambicanos tornarem-se mais pobres”.
A Ministra dos Recursos Minerais e Energia, Esperança Bias, elucidou, por seu turno, que actualmente existem 12.313 moçambicanos nas minas de carvão de Tete, sendo 9.794 oriundos daquela província.
“Nós, moçambicanos, estamos espalhados pelo país, misturados uns com os outros”, disse Alberto Vaquina, acrescentando que “há jovens de Tete que vivem e trabalham em Maputo, Cabo Delgado, Niassa, Nampula e outras regiões”.
Aquele membro sénior do Executivo moçambicano vincou que os jovens de outros pontos do país devem sentir-se a vontade quando vivem e trabalham em Tete. “É a unidade nacional que nos torna cada vez mais donos do nosso país”, frisou Vaquina.
Aliás, explicou o Primeiro-ministro, o próprio deputado Francisco Maingue é de Sofala mas foi eleito pela lista da Renamo para Tete. “Então pode-se dizer que ele privou um assento no parlamento que deveria ter sido ocupado por um cidadão natural de Tete”, disse.
Em resposta a uma questão de Maingue, se acredita que as populações reassentadas em Cateme estão satisfeitas com as casas que receberam, Vaquina garantiu que não existe em mais nenhum canto da província de Tete uma outra comunidade rural que tenha casas e infra-estruturas sociais e serviços públicos a altura de Cateme.
Com efeito, os moradores de Cateme viviam em cabanas na mesma terra que hoje é ocupada pela mina de carvão a céu aberto operada pela gigante brasileira de mineração, a Vale.
Em Fevereiro ultimo, centenas de moradores de Cateme revoltaram-se e obrigaram a Vale a melhorar as habitações.
Vaquina salientou que em Cateme há agora “casas melhoradas, escolas, centro de saúde, água e electricidade”.
Sobre a pretensão da Renamo de forçar o governo a renegociar os contractos com as multinacionais de mineração, Vaquina disse que “as regras de jogo são definidas antes do seu início. Os contractos foram feitos e assinados em condições específicas, pelo que um Governo sério nunca alteraria precipitadamente as condições na base dos quais atraiu os investimentos”.
A sessão de hoje foi ainda marcada pelo boicote da plenária protagonizado pela Renamo, por não ter conseguido justificar um pedido de ponto de ordem por parte do seu deputado, Saimone Macuiana, demonstrando falta de sensibilidade em relação ao regimento da magna casa.