Na retomada da quinta sessão das negociações para um tratado global sobre poluição plástica, que decorre no Palais des Nations em Genebra, os países africanos afirmaram a sua posição conjunta, evidenciando os desafios singulares que enfrentam, apesar de serem uma das regiões menos responsáveis pela produção de plástico.
Com a África a contribuir com menos de cinco por cento da produção mundial de plástico, regista, no entanto, uma das maiores taxas de contaminação plástica, consequência do uso excessivo de plásticos descartáveis e de sistemas de gestão de resíduos ineficazes. Esta realidade coloca o continente numa posição paradoxal: entre os menos responsáveis pela poluição e os mais afectados por ela.
Os países africanos manifestaram o compromisso de apresentar uma voz coesa nas negociações, enfatizando a necessidade urgente de reduzir a produção de plásticos e de proibir polímeros e aditivos químicos prejudiciais. Este encontro é visto como um possível ponto de viragem no processo de um “acordo de Paris para o plástico”.
Contudo, as negociações enfrentam a resistência de nações produtoras de combustíveis fósseis, como os Estados Unidos, a Arábia Saudita e a Rússia, que se opõem a limites na produção de plásticos, preferindo soluções que se baseiem na reciclagem. Especialistas alertam que a mera reciclagem não será suficiente para enfrentar a crise da poluição.
Na abertura da sessão, Inger Andersen, directora do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, sublinhou que “a poluição plástica está agora presente nos nossos oceanos, na natureza e até nos nossos corpos. Se continuarmos neste ritmo, o mundo estará imerso em plástico, com graves consequências para o planeta, a economia e a saúde humana”.
Para os países africanos, este tratado representa uma oportunidade crucial para abordar os impactos desproporcionais que já condicionam os ecossistemas e as vidas na região. Há uma expectativa de que o texto final contemple mecanismos financeiros robustos, apoio à transição e definições claras de responsabilidades para os produtores de plásticos.