A capital angolana foi palco de confrontos violentos na segunda-feira (28), resultando em vítimas mortais, saques e vandalismo, no primeiro dia da greve de taxistas contra o aumento dos preços dos combustíveis.
Milhares de cidadãos manifestaram-se nas ruas, enquanto as forças de segurança tentavam conter os distúrbios.
O clima de tensão coincidiu com o regresso do Presidente João Lourenço ao país, após uma visita de três dias a Portugal. A paralisação do serviço de táxis deixou muitos luandenses sem transportes para se deslocarem ao trabalho ou regressarem a casa, com alguns a permanecerem retidos nos seus locais de trabalho devido ao clima de insegurança.
Grupos de jovens, em protesto, invadiram várias áreas da cidade e das periferias, bloqueando estradas com barricadas e pneus em chamas. Registos de saques a estabelecimentos comerciais e vandalismo de veículos, inclusive carros da polícia, forçaram as autoridades a disparar para dispersar as multidões.
A equipa da Lusa que se encontrava na zona do Calemba 2 foi ameaçada por populares e relatou a presença de pelo menos um corpo na via pública. Testemunhas afirmam que o número de mortos pode ser superior, embora a polícia não tenha confirmado as informações nem divulgou dados sobre detenções.
Por precaução, várias lojas e supermercados fecharam, assim como algumas escolas, na expectativa de que a normalidade seja restaurada. Vídeos partilhados nas redes sociais mostram jovens a queimarem cartazes do Presidente da República, a carregarem alimentos de lojas saqueadas e a perseguirem veículos que ousaram circular.
Uma concentração de motociclistas na baixa de Luanda foi interrompida devido à presença massiva da polícia, que também reforçou a segurança em torno do Palácio Presidencial com a mobilização de agentes e militares.
Os postos de combustível na capital foram cercados por forças de segurança na tentativa de prevenir actos de violência. A circulação de pessoas está a ser feita maioritariamente a pé, uma vez que muitos automobilistas evitam as ruas por medo de ataques. A escassez de autocarros, alvo de ataques durante a manhã, resultou na interrupção total do transporte público.
A polícia tomou a decisão de interditar várias vias, onde os protestantes haviam erguido barricadas e incendiado pneus, na sua tentativa de controlar a situação.