O movimento rebelde M23, que controla vastas áreas no leste da República Democrática do Congo (RDC), expressou a sua intenção de boicotar o processo de paz em curso, citando a suposta demora na libertação dos seus prisioneiros.
Com as negociações agendadas para recomeçar na capital do Catar, Doha, a 18 de Agosto, o M23, através do seu secretário permanente, Benjamin Mbonimpa, adoptou uma postura assertiva durante uma conferência de imprensa realizada na sexta-feira.
Mbonimpa questionou as acções que serão tomadas em Doha caso os prisioneiros do M23 não tenham sido libertados, uma vez que o acordo previamente assinado em Doha, mediado pelo Catar, previa um cessar-fogo imediato. O secretário, que faz parte da equipa de negociações, afirmou que, após a implementação da Declaração de Princípios, as discussões prosseguirão de forma célere para a assinatura de um acordo definitivo.
Paralelamente, os confrontos entre o M23 e os grupos de autodefesa Wazalendo, que são aliados do exército congolês, têm-se intensificado nas províncias de Kivu do Norte e do Sul. Mbonimpa, conforme reportado pela imprensa internacional, indicou que o M23 estará sempre na defensiva, responsabilizando Kinshasa e as suas forças aliadas pelos ataques que têm ocorrido.
Na cidade de Goma, que abriga mais de dois milhões de habitantes e foi capturada pelo M23 em Janeiro, a esperança gerada pela assinatura do acordo começa a dissipar-se. Fatigada pela violência constante, a população anseia por uma paz verdadeira e duradoura.