Os profissionais de saúde em Moçambique anunciam a possibilidade de endurecer a greve que iniciaram na passada quinta-feira (17), caso o governo não responda às suas reivindicações.
A greve, que se prolonga por um período de 30 dias, com possibilidade de prorrogação, está a ser observada com a prestação de serviços limitada entre as 07h30 e as 15h30.
A informação foi divulgada pelo presidente da Associação dos Profissionais de Saúde Unidos e Solidários de Moçambique (APSUSM), Anselmo Muchave, durante uma conferência de imprensa em que fez uma avaliação sobre o estado de situação decorridos dois anos desde a assinatura dos acordos entre o governo e a sua associação.
“Dentro desta semana, caso o governo não feche os acordos connosco, seremos obrigados a intensificar a greve”, advertiu Muchave, sublinhando que alguns membros chegaram a solicitar a retirada total dos profissionais de saúde, mas que decidiram dar mais uma oportunidade ao governo e ao povo moçambicano.
Muchave criticou a postura do governo, referindo que este não pode alegar estranheza relativamente à insistência dos profissionais de saúde em reivindicar melhorias. “O novo Presidente da República devia ter um bocadinho de vergonha quando pergunta por que razão há insistência dos profissionais de saúde em ir à greve, sabendo que a associação é nova. Enviámos o pedido de diálogo em Janeiro, após a sua tomada de posse, mas não fomos ouvidos. Em Fevereiro, submetemos outros documentos, e agora estamos em Outubro e nada foi feito”, lamentou.
O líder da APSUSM destacou ainda que a falta de reconhecimento pelo trabalho dos profissionais de saúde, que têm lidado com “tantas balas e tanto sangue”, é alarmante. “Nenhum agradecimento do governo apareceu para os profissionais de saúde. Por isso, dissemos ‘não somos escravos na nossa terra’”, acrescentou, visivelmente agastado com a situação.