Politica Fuga em cadeia de máxima segurança agrava instabilidade em Maputo

Fuga em cadeia de máxima segurança agrava instabilidade em Maputo

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Um número não especificado de reclusos fugiu, esta quinta-feira (25), da cadeia de máxima segurança situada na província de Maputo, em meio a tumultos e manifestações desencadeadas pela proclamação dos resultados das eleições gerais.

A informação foi inicialmente confirmada pelo secretário permanente do Ministério da Justiça, Justino Tonela, que referiu a necessidade de “averiguar com exatidão o número específico e outros detalhes” sobre a evasão. Mais tarde, a ministra da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos, Helena Kida, também reconheceu o incidente, sem avançar o total de reclusos em fuga ou as circunstâncias precisas da rebelião.

De acordo com dados divulgados na sequência dos confrontos, a revolta na prisão resultou na morte de 33 reclusos e deixou outros 14 feridos. Cerca de 1.500 detidos aproveitaram a confusão para escapar, tendo as autoridades recapturado 150 até ao momento. O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, alertou que, entre os foragidos, figuram indivíduos considerados “terroristas altamente perigosos”. Acrescentou que 29 condenados por terrorismo estavam detidos neste estabelecimento, tendo sido libertos durante os motins.

O Estabelecimento Penitenciário de Máxima Segurança de Maputo, localizado a pouco mais de 14 quilómetros do centro da capital, aloja mais de três mil reclusos, incluindo suspeitos e condenados por crimes graves, sobretudo homicídios. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram confrontos entre presos e seguranças, com disparos feitos para tentar conter a rebelião, bem como grupos de reclusos a evadirem-se pelos bairros circundantes.

As autoridades reportam igualmente outras 236 “ocorrências de violência grave” nas últimas 24 horas, associadas à contestação dos resultados eleitorais, incluindo ataques a esquadras, cadeias e sedes do partido no poder, além de veículos e infra-estruturas incendiados. O ministro do Interior, Pascoal Ronda, anunciou que estes episódios causaram 21 mortos e diversos feridos. Por seu lado, a Plataforma Eleitoral Decide, que monitora o processo eleitoral, aponta para pelo menos 56 vítimas mortais em dois dias de protestos e 152 pessoas baleadas.

O caos ocorre após o Conselho Constitucional ter proclamado, na segunda-feira, Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, como novo Presidente da República, com 65,17% dos votos, sucedendo a Filipe Nyusi. O anúncio desencadeou protestos por parte de apoiantes de Venâncio Mondlane, que obteve 24% dos votos, levando a confrontos com a polícia, pilhagens e bloqueio de estradas.

O dia 25 de Dezembro, feriado da família em Moçambique, ficou marcado por manifestações e violência. As autoridades intensificaram operações para localizar os reclusos em fuga e repor a ordem nos bairros afectados pelos tumultos.