Internacional Letónia envia militares para travar migrantes na fronteira com a Bielorrússia

Letónia envia militares para travar migrantes na fronteira com a Bielorrússia

O Governo da Letónia convocou as forças militares para ajudar a guarda fronteiriça a travar o número crescente de migrantes que tentam atravessar a fronteira da Bielorrússia em direção ao país báltico da União Europeia (UE).

Segundo avançou a guarda fronteiriça da Letónia, foram detidas 103 pessoas nas 24 últimas horas por tentarem cruzar ilegalmente a fronteira a partir da Bielorrússia, que percorre um total de 173 quilómetros.

Destas, apenas sete pessoas foram autorizadas a entrar na Letónia, um Estado-membro da UE e da NATO com 1,8 milhões de habitantes, por razões humanitárias.

Grande parte dos migrantes são oriundos de África e do Médio Oriente, particularmente do Afeganistão e da Síria.

No entanto, o número de pessoas rejeitadas na fronteira com a Bielorrússia ultrapassou as 100 em vários dias desde o final de agosto — uma média diária substancialmente superior face aos números verificados no início do ano -, alertaram as autoridades, sublinhando que, só na semana passada, foram impedidos de atravessar quase 900 migrantes.

O número acumulado deste ano é de quase 7.800, acima dos 5.826 em todo o ano de 2022.

O responsável da guarda de fronteira letã, Guntis Pujats, defendeu hoje, em declarações à televisão nacional, que o grande número de tentativas de passar ilegalmente a fronteira foi causado por aquilo que chamou de operação internacional de tráfico de pessoas patrocinada pelo Estado autoritário liderado pelo Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko.

Inquietação com tropas do grupo Wagner

De acordo com Pujats, Lukashenko tem como alvo a Letónia, a Lituânia e a Polónia, que partilham fronteiras com a Bielorrússia, para testar as suas capacidades de lidar com “ataques híbridos” de Minsk, incluindo o envio de migrantes para zonas fronteiriças.

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Em 2021, milhares de migrantes, muitos deles provenientes da Síria, do Afeganistão e do Iraque, migraram para a fronteira da Bielorrússia com a Polónia, onde ficaram retidos durante semanas, chegando a passar dias e noites expostos às baixas temperaturas sentidas durante o inverno naquela zona.

A UE acusou Lukashenko de incentivar estas tentativas de entrar ilegalmente no território comunitário como uma forma de retaliação pelas sanções impostas após uma eleição presidencial que o Ocidente descreveu como uma farsa.

Devido ao recente aumento da migração ilegal, Pujats disse que a guarda de fronteira da Letónia defendeu perante o Governo o fecho do ponto de passagem de Silene, na fronteira com a Bielorrússia, que é também uma fronteira externa da UE.

A ministra da Defesa letã, Inara Murniece, adiantou, entretanto, que o Governo decidiu cancelar um exercício militar local e, em vez disso, pediu ao exército letão para enviar soldados para ajudar os guardas fronteiriços na fronteira oriental com a Bielorrússia.

As tensões entre a Bielorrússia e os seus países vizinhos agravaram-se na sequência da invasão militar russa da Ucrânia, em fevereiro de 2022, com Minsk a acusar particularmente Varsóvia de preparar provocações militares.

Por sua vez, polacos e bálticos têm demonstrado inquietação pelo estacionamento na Bielorrússia de combatentes do Grupo paramilitar russo Wagner e têm exigido a sua retirada, já recusada pelo Presidente bielorrusso.

Desde junho, a Bielorrússia também acolhe armas nucleares táticas russas.