O antigo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, admitiu esta terça-feira que enganou os deputados ao afirmar que os seus colaboradores de Downing Street tinham cumprido as regras do confinamento, mas defendeu a boa-fé das suas ações.
“Assumo plena responsabilidade por tudo o que aconteceu na minha passagem por Downing Street”, escreveu Boris Johnson na introdução do documento que faz a sua defesa nos casos dos escândalos durante a pandemia.
Trata-se de um documento de 52 páginas, com 110 pontos, que foi divulgado na véspera da sua audiência parlamentar.
O ex-líder conservador, que culpa os seus conselheiros, será ouvido esta quarta-feira à tarde no âmbito do inquérito parlamentar, uma audiência que deverá durar várias horas.
Johnson, que foi forçado a demitir-se em julho por uma série de escândalos, incluindo o Partygate, tenta antecipar-se aos investigadores, já que se o inquérito apurar que ele mentiu ao parlamento, poderá ter de abandonar o seu lugar de deputado e mesmo a sua carreira política.
O inquérito deve determinar se ele mentiu deliberadamente na Câmara dos Comuns, incluindo quando disse aos deputados em dezembro de 2021 que “as regras foram seguidas a toda a hora”.
“Desde que estas acusações surgiram, tenho repetidamente assegurado que não houve festas e que não foram quebradas quaisquer regras relacionadas com a Covid”, disse na altura.
Meses de revelações em cascata sobre as festas com álcool em Downing Street durante a pandemia, enquanto os britânicos estavam sob rigorosas medidas restritivas, chocaram e enfureceram o país, especialmente os familiares das vítimas da doença. Os britânicos denunciaram “as duas caras do primeiro-ministro”.
Segundo relatos de antigos funcionários, Boris Johnson terá gracejado durante uma festa em novembro de 2020 que era “o menos respeitador do distanciamento social em todo o Reino Unido”.