A pandemia de covid-19 provocou um aumento do número de casos e mortes por malária no mundo, mas o pior cenário, que apontava para uma duplicação da mortalidade, não se concretizou, conclui um relatório divulgado.
Segundo o Relatório Mundial da Malária 2021, divulgado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a doença matou 627 mil pessoas em 2020, mais 69 mil do que no ano anterior, e quase dois terços das mortes adicionais são atribuídas às perturbações provocadas pela pandemia de covid-19.
Em março de 2020, a OMS tinha antecipado que as perturbações provocadas pela pandemia de covid-19 pusessem em causa os ganhos alcançados nos 20 anos anteriores, prevendo que, num pior cenário possível, o número de mortes por paludismo na África subsaariana duplicasse num ano.
No entanto, o número de casos de malária aumentou em 14 milhões em 2020, para 241 milhões, e o número de mortes elevou-se em 69 mil, das quais aproximadamente 47 mil são atribuídas à malária como consequência das perturbações nos serviços de prevenção, diagnóstico e tratamento.
Como exemplo, Pedro Alonso disse que 28% das redes mosquiteiras impregnadas de inseticida que estava previsto serem distribuídas em 2020 nos países onde existe malária não chegaram a ser entregues.
O relatório indica que 15 países com alta incidência de malária sofreram reduções de mais de 20% na testagem da malária entre abril e junho de 2020 face ao mesmo período de 2019 e os programas nacionais de combate à malária distribuíram menos 48 milhões de séries de tratamento em 2020 do que no ano anterior.
O relatório recorda ainda que a pandemia surgiu num momento em que os ganhos da luta contra a malária desde 2000 — incluindo uma redução de 27% na incidência e de quase 51% na taxa de mortalidade – já estavam a abrandar.
O diretor do Programa Global da Malária alertou ainda que o progresso no combate à malária continua desequilibrado: Cerca de metade dos países onde a malária é endémica estão a caminho da eliminação, alguns já conseguiram interromper a transmissões e dois deles, El Salvador e a China, foram este ano certificados como estando livres da doença.