A pandemia de Covid-19 está a agravar a corrupção na União Europeia (UE), aumentando também as disparidades socioeconómicas e os regimes autoritários, com os 27 a serem afetados pelo fenómeno, revela um relatório da Transparência Internacional divulgado hoje.
No relatório ‘Olhar dos Cidadãos e Experiências de Corrupção’, num Barómetro da Corrupção Global 2021 na UE da organização Transparência Internacional (TI), é referido que 44% dos 40.600 inquiridos nos 27 Estados membros acredita que o fenómeno se manteve nos últimos 12 meses e que 32% defende que aumentou, com 16% a opinar que diminuiu e os restantes 8% a não responderem.
No estudo, elaborado entre outubro e dezembro de 2020, a TI dá conta das principais instituições e/ou profissões que os europeus inquiridos acusam de atos de corrupção, destacando os deputados (28%), administradores de empresas e gabinetes de Presidentes da República e de primeiros-ministros (ambos com 23%), autoridades governamentais (22%), autarquias (19%), organizações não-governamentais (16%), juízes e magistrados (14%) e polícia (11%).
“Os países da UE são conhecidos por serem ricos, estáveis e democráticos. No entanto, a sua imagem limpa é prejudicada por questões que vão desde disparidades socioeconómicas e instâncias de autoritarismo crescente até problemas de corrupção, que afeta todas as nações do bloco político”, lê-se no sumário executivo do relatório.
No texto, a TI refere que os sucessivos escândalos revelam que os políticos eleitos “enriquecem com negócios secretos”, ao mesmo tempo que “aceitam subornos para encobrir abusos de direitos humanos num país vizinho” e ainda “oferecendo passaportes a criminosos em troca de investimento”.
“Bancos, contabilistas e agentes imobiliários não fazem o suficiente para impedir que corruptos e criminosos lavem ou estacionem seu dinheiro sujo na União Europeia”, acrescenta-se no documento.
“A pandemia de covid-19 está a piorar as coisas. Em países como a Hungria e Polónia, os políticos usam a crise como desculpa para minar a democracia. Outros veem nisso uma possibilidade para lucrar, conforme demonstrado pelo lóbi da Alemanha e pelo caso de compras de máscaras”, sublinha a TI.