Demitiu-se na segunda-feira o “número dois” do partido do Presidente francês. Pierre Person, delegado-geral adjunto do República em Marcha (LREM, na sigla francesa), explicou os seus motivos numa entrevista ao diário “Le Monde”, na quel critica o movimento fundado por Emmanuel Macron, dizendo que “não produz ideias novas”.
A pouco mais de ano e meio das eleições presidenciais e legislativas, a seis meses das regionais, esta saída acontece na sequência de um domingo em que o LREM teve resultados fracos em eleições intercalares. Considerando que “nada mudou no partido” desde 2016, Person frisa que o mesmo não se verifica no Governo, que a seu ver tem sabido reinventar-se (nomeadamente com a troca do primeiro-ministro Édouard Philippe por Jean Castex, este verão. Alerta, porém, que o Executivo está “virado sobre si mesmo”.
O LREM está incapaz de “fazer viver as diferentes sensibilidades, conduzir uma reunificação e produzir ideias novas”, considera Person. Recomenda a quem se lhe seguir que promova “debates políticos” internos, ouvindo os militantes sem se limitar a “copiar e colar” as mensagens governamentais.
Person é deputado por Paris e há dois anos disputou sem êxito a chefia do LREM. Desistiu a favor do atual líder, Stanislas Guérini. Agora exorta os seus companheiros de direção a imitá-lo, para que o partido possa “escrever uma nova página”.
Na dinâmica interna do LREM, esta renúncia enfraquece a ala progressista do partido, já debilitada por Macron ter sempre ido buscar primeiros-ministros ao partido Os Republicanos, conservador, e sobretudo pela saída de parte da bancada parlamentar, em maio, que lhe retirou a maioria absoluta.