Destaque Famílias recusam pulverizações contra mosquito da malária

Famílias recusam pulverizações contra mosquito da malária

Moradores acusam equipas de pedir dinheiro para aplicar insecticida para matar mosquito da malária. 

Muitas famílias recusam-se a abrir a porta às equipas que andam a pulverizar as casas contra o mosquito da malária, na cidade de Xai-Xai, a capital da província de Gaza, no sul de Moçambique. Henriques Cumbe, de 47 anos de idade, é um deles. Acusa os técnicos de aplicarem inseticidas que não matam os mosquitos – a não ser que os residentes paguem.

Há certos colaboradores que não são sérios. Noutras famílias, eles só vão sujar as paredes. Sujam as roupas. Às vezes, até agem de má-fé. Mas quando negoceiam com o dono da casa, pulverizam com o medicamento que mata o mosquito. É essa situação que nós temos em Moçambique, a corrupção“.

Cumbe diz que os pagamentos variam entre os 100 e os 200 meticais, o equivalente a entre 1,5 euros e 2,70 euros.

A população acusa os operadores do Estado de estarem a querer imitar os privados. Os bairros Marien Ngoabi e Patrice Lumumba, na cidade de Xai-Xai, são os locais onde os residentes mais têm impedido o acesso às equipas de pulverização. Ao que a DW África apurou, desde finais de Dezembro, centenas de pessoas terão recusado a pulverização, uma altura em que, na província de Gaza, só em Janeiro, foram diagnosticados mais de 36 mil casos de malária. O número representa um aumento de 57% por comparação com igual período do ano passado.

Segundo Victor Chivurre, chefe do departamento de Saúde Pública na Direção Provincial de Saúde de Gaza, até agora ninguém denunciou operadores de pulverização pela cobrança de dinheiro.

“Não temos nenhuma informação acerca deste assunto”, afirma Chivurre alertando que as comunidades devem “denunciar esses casos, porque a pulverização é gratuita”.

DW