As famílias afectadas pelo traçado da “Circular de Maputo” dizem-se injustiçadas pela empresa “Maputo Sul”, responsável pelo projecto, e pelo Conselho Municipal de Maputo, por não terem honrado as promessas de realojar condignamente as famílias. Existem famílias com casas marcadas, mas sem indicação de espaço para fixação de residência.
A “Livaningo” – uma organização não-governamental que trabalha na área do ambiente e comunidades – fez um levantamento que espelha a indignação generalizada dos realojados e dos que ainda aguardam por espaço. Esse levantamento foi feito em seis secções: a zona que vai do Hotel Radisson até à ponte da Costa do Sol; da ponte da Costa do Sol, passando por Chiango, até Marracuene; Chiango até Zimpeto (Grande Maputo); Marracuene – Zimpeto (EN1); Zimpeto – Tchumene (EN4); Nova Machava até à Praça 16 de Junho.
As famílias dizem que a avaliação dos imóveis não foi justa e não seguiu critérios claros, e que acrescentam que as pessoas que se aliam aos responsáveis do projecto, de modo a persuadirem os seus vizinhos a aceitarem o dinheiro pago pelas casas, essas pessoa têm tido melhor avaliação e, consequentemente, um valor maior de compensação.
“A avaliação dos imóveis e bens não foi satisfatória, a maioria considera a compensação injusta. Houve coacção de algumas pessoas. Nestas circunstâncias, alguns indivíduos foram obrigados a assinar documentos nos quais concordavam com a avaliação efectuada às suas residências, sob ameaça de ficarem sem nenhuma compensação.” – segundo o relatório, este é o motivo que fez com que muitas famílias tivessem que assinar os documentos.
O relatório indica ainda que “existem famílias que têm em sua posse a compensação em dinheiro para construir a sua residência, mas que não dispõem de espaço para fixar a sua residência”. E alerta para o risco de as pessoas gastarem o dinheiro e não construirem as suas casas: “Há uma probabilidade muito elevada de estas famílias gastarem o valor integral da compensação adquirida, antes de o talhão ser atribuído, e ficarem sem casa e sem condições para construir uma nova moradia digna”.
As promessas feitas pelos gestores do projecto – o Conselho Municipal de Maputo e a empresa “Maputo Sul” – foram que todos os abrangidos que seriam realojados iriam usufruir das mesmas condições anteriores ou melhores, mas “o que de facto acontece é que nos locais de reassentamento não existem condições mínimas de habitabilidade, as crianças têm de se deslocar grandes distâncias para chegar à escola, não existem poços nem fontenárias, bairros sem energia eléctrica, onde existe electricidade, as famílias devem custear a sua ligação, não existem postos de saúde e nem vias de acesso em boas condições”, diz o relatório.