A Empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM, E.P.) informa, em comunicado recebido ontem na nossa Redacção, que foi já accionado um plano de emergência para restabelecer a circulação de comboios.
Entretanto, o CFM, que opera a linha, não se refere às causas que ditaram o descarrilamento da composição, com um total de 42 vagões, pertencente à mineradora australiana Rio Tinto, e que resultou na perda de parte das pouco mais de 1300 toneladas de carvão mineral destinado à exportação através do Porto da Beira.
A expectativa, segundo a nota do CFM, é que as causas do sinistro sejam apuradas no final do trabalho de peritagem igualmente iniciado no terreno.
Sobre a natureza do trabalho que está sendo feito para desobstruir a via, o director executivo do CFM-Centro, Cândido John, explicou que a ideia de base é afastar as carruagens, sem necessariamente levantá-las, para uma distância que permita a passagem segura de comboios, depois que for retirado todo o carvão que se encontra espalhado na via.
Feito isso, segundo Cândido John, os vagões serão levantados e reposicionados na linha para poderem ser movimentados do local, que se situa entre os quilómetros 253 e 376, algures no distrito de Caia.
Numa primeira reacção à ocorrência, o Ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, reconheceu que a linha férrea de Sena continua a apresentar defeitos na sua estrutura, fragilidade passível de originar o descarrilamento de comboios.
A linha de Sena acomoda um tráfego médio de 12 comboios diários, todos eles afectos ao transporte de carvão mineral produzido em Moatize, província de Tete, destinado à exportação através do Porto da Beira.
Sobre a mesma linha, circula igualmente um comboio diário, operado pelo CFM, transportando melaço e açúcar provenientes da Açucareira de Marromeu, calcário de Muanza e madeira de Doa, além dos dois comboios de passageiros que, semanalmente, asseguram a ligação entre Beira – Marromeu e Beira – Moatize.
No ano passado, o Banco Mundial, que contribuiu com cerca de 104 milhões de dólares norte-americanos para a reabilitação da linha de Sena, anunciou que não estava satisfeito com a qualidade do trabalho realizado no terreno, com largas culpas ao desempenho do consórcio indiano RICON, que não só não cumpriu com os prazos acordados para a realização da obra, como também não conseguiu garantir os padrões de qualidade contratados.
Recentemente, a nossa Reportagem percorreu uma larga extensão da linha de Sena, entre Dondo e Inhaminga, em Sofala, tendo constatado que muitas intervenções ficaram por fazer ao abrigo do programa de reabilitação, nomeadamente a substituição do balastro que se apresenta cansado em várias dezenas de extensão da ferrovia.
Na última reunião anual do CFM, realizada em Março deste ano, o presidente do Conselho de Administração da empresa, Rosário Mualeia, fixou em 22,4 milhões de dólares o valor despendido até então pela companhia na reabilitação das três principais vias dos sistemas ferroviários sul e centro, incluindo a linha de Sena, que chegaram a ficar encerrados ao tráfego na sequência de estragos causados pelas cheias registadas no início deste ano.
Após tais intervenções, as linhas de Sena, Limpopo e Ressano Garcia foram reabertas ao tráfego, de forma condicionada, enquanto se aguarda por uma intervenção profunda de modo a conferir-lhes capacidade para aguentar com a crescente demanda de transporte ferroviário.
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