A Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, ameaça paralisar, a partir de quinta-feira, toda a movimentação de comboios na linha férrea que liga a cidade da Beira ao distrito de Moatize, na província de Tete, bem como de viaturas ao longo da Estrada Nacional Número 1 (EN1) que liga o Norte e o Sul do país.
Falando em conferência de imprensa muito concorrida hoje, em Maputo, o Chefe do Departamento de Informação da Renamo, o Brigadeiro Jerónimo Malegueta, revelou que as forças do seu partido irão igualmente interditar todos os movimentos da Força de Intervenção Rápida (FIR) nas proximidades da localidade de Satunjira, no distrito de Gorongosa, onde o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, decidiu estabelecer a sua residência nos últimos meses.
Na ocasião, Malagueta aproveitou a oportunidade para dissociar o seu partido do ataque ao paiol de Savane, na província de Sofala, ocorrido na madrugada de segunda-feira e que resultou na morte de pelo menos cinco membros das forças de defesa e segurança.
Contudo, o governo acusa a Renamo de ter sido a autora do ataque ao paiol, apresentando como provas as repetidas ameaças que a sua liderança tem vindo a fazer nos últimos tempos, particularmente a inviabilização das eleições autárquicas agendas para o corrente ano e as gerais de 2014.
Outra provas apresentadas pelo vice-Ministro das Pescas, Gabriel Muthisse, durante uma conferência de imprensa havia em Maputo na terça-feira, na qualidade de porta-voz da sessão do Conselho de Ministros que teve lugar no mesmo dia, é o ataque anterior protagonizado pela Renamo a 4 de Abril último em Muxúnguè, e cujo saldo foi nove mortos, incluindo sete agentes da FIR.
No referido ataque, a Renamo assumiu a sua autoria, alegando que tinha sido em retaliação a uma ofensiva das forças do Governo à sua sede em Gorongosa.
Convém vincar que para além dos atacantes ao paiol de Savane terem morto cinco soldados e ferido mais dois entre os que guarneciam aquelas instalações militares, as autoridades policiais confirmam que os seus mentores se apoderaram de várias armas e diverso equipamento militar.
Apesar de a Renamo se distanciar do ataque ao paiol, alguns peritos militares acreditam como sendo mais uma obra do antigo movimento rebelde, e para sustentar os seus argumentos afirmam que será com parte destas armas que vai tentar inviabilizar a circulação de bens e pessoas a partir de quinta-feira.
Malagueta também anunciou durante a conferência de imprensa a extensão do perímetro de segurança que a partir de quinta-feira vai começar do Rio Save até Muxúnguè. Vincou também que as forças armadas da Renamo vão se posicionar nessa área, a fim de concretizar esta sua estratégia militar de impedir a circulação de viaturas, mesmo as que estejam a transportar pessoas e bens.
Malagueta justifica a decisão alegando que a Renamo já se apercebeu que o governo está a usar essas viaturas para o transporte de armamento e militares à paisana.
Disse ainda que a Renamo já se apercebeu da concentração de armamento e outro material bélico nas proximidades de Satunjira que, no seu entender, visa lançar um ataque ao líder da Renamo.
O brigadeiro foi mais longe, afirmando que, na terça-feira, partiram de Maputo mais de 35 camiões militares e cinco autocarros transportando elementos das Forças Armadas e da FIR, bem como material de guerra com destino a Gorongosa, Maríngue e Inhaminga, com o objectivo de atacar as forças da Renamo.
Malagueta disse, na ocasião, que a Renamo quando atacou o quartel da FIR no Posto Administrativo de Muxúnguè, distrito de Chibabava, no passado dia 04 de Abril, assumiu e elencou as motivações que originaram uma acção semelhante.
O ataque ao paiol de Savane, segundo a fonte, não é o primeiro, até porque nos outros assaltos a estratégia usada foi silenciosa, daí que parece ser este o primeiro.
Após constatar a existência de movimentos belicistas na província de Sofala que, na óptica de Malagueta, apontam para Satunjira, onde se encontra o líder da Renamo, Afonso Dhlakama, a segurança da força política vai ampliar o seu raio de defesa.
O ataque de segunda-feira ao paiol de Savane eleva para três o número de episódios até então registados que beliscam a soberania do Estado, depois dos acontecimentos de Gorongosa e Muxúnguè.
RM